terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Vamos lá por linhas tortas?

 
Passou toda uma época - e tantas anteriores - e ninguém pareceu preocupar-se com as bolas de golfe que caíam no relvado, com as batalhas campais que antecederam os jogos entre o Benfica e o FC Porto ou com as agressões na viagens dos encarnados ao norte e dos dragões ao sul. A insegurança que se vive em alguns jogos, a bandalheira instalada em relações ao que fazer a energúmenos que tentam estragar o desporto, tem de ser travada.
É preciso identificar e prender quem atira pedras e garrafas. Chega de pactuar com a cambada que se está borrifando para o futebol.
Os polícias estão fartos de correr atrás dos tontos das claques e depois vê-los repetir tudo no jogo seguinte. Em tempos das vacas magras, os contribuintes têm de perceber que são eles e não os clubes quem paga os policiamentos dos jogos. E só na época passada o Estado gastou nisto mais de um milhão em polícias. Mesmo quem não gosta de futebol está a contribuir com os impostos para pagar aos coitados que fim-de-semana após fim-de-semana têm de andar a pôr na linha quem mal se quer portar.
Adeptos que coloquem em risco a segurança dos outros como acontece nos clássicos também.
31/01/2012

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Campeões Europeus de 1961

                    Benfica
Do dia 31 de maio de 1961, quando o Sport Lisboa e Benfica entrou em campo para defrontar o temível Barcelona, na final da Taça dos Campeões Europeus. Era a primeira vez que o Benfica chegava à final da competição e os nervos estavam à flor da pele. Quando um jogador do Barcelona marcou o 1º. golo da partida, temeu-se o pior. Mas o Benfica não desmoralizou e conseguiu empatar, com golo do capitão José Águas.
Um autogolo dos espanhóis devolveu a alegria às águias. Quando o árbitro deu o apito final, assistiu-se à maior explosão de alegria benfiquista, que ainda sempre se recorda.
30/01/2012

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

A ingratidão humana para com o planeta

                      
Quem é o culpado por causar esta agonia sem tamanho?
Há tempos que a Terra está a ser maltratada pelo Homem.
Ela dá-nos o alimento para saciar a nossa fome, dá-nos água para matar a nossa sede, presenteia-nos com a natureza para admirarmos.
Destruição do meio ambiente, poluição, ganância maldita e desenfreada pelo dinheiro e pelo poder, tudo isso o Homem promoveu.
Só que a natureza não é estúpida e começa a revidar a sua ira na raça humana: furacões, tempestades, ondas gigantes, vulcões explodindo e jogando lavas...
Deveríamos viver em perfeita paz e harmonia, mas o que temos visto ultimamente não é bem assim: países em guerras sangrentas, pessoas com intolerância racial e religiosa, pessoas valorizando o materialismo e deixando Deus de lado.
A cada dia que passa, o aquecimento global vai aumentando e piorando.
Será que conseguiremos salvar o planeta?
Nuno Costa, em 27/01/2012

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

E chamam a Portugal um país desenvolvido

                    
Já todos estamos fartos de ouvir falar em crise e de políticos que dizem não, mas depois de estarem no poder o não passa a ser sim... Mas eu arranjei um passatempo divertido e aproveito para aconselhar a todos os portugueses, aproveitem para ler a imprensa diária.
Mas só fica admirado quem não conhece a Justiça do nosso pobre país, pois a mentira aliada a uns bons advogados passa a ser verdade. Os pobres coitados como não têm dinheiro para pagar a bons defensores nos tribunais que acabam por ficar sempre na prisão...
E chamam a Portugal um país desenvolvido...
Nuno Costa, em 26/01/2012

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Troika,mais troika, mais troika...

                   O beijo
Como se esperava, ou como já não chegasse as duras medidas impostas pela famosa troika, teremos agora de enfrentar um dos mais rígidos e liberais governos em Portugal. Este novo governo, na sua primeira aparição na Assembleia da República, mostrou desde logo com o que os portutugueses podem contar, mas estavam enganados, nenhum dos portugueses não vai contar com esta velha e ruinoza política.
Se o programa do Governo já em si era bastante doloroso para o povo, temos agora que aguentar as tais medidas, como este de cortar no subsídio de Natal. Mas preparem-se, porque isto certamente não vai ficar por aqui...
Nuno Costa, em 25/01/2012

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Pagar as mentiras

                                    Notas de Euros
Estamos fartos de ser roubados por um Estado veroz, que se apropria da riqueza que criamos, que não presta contas sérias, que é mau pagador, e tem vícios intoleráveis de novo - riquismo.
E, a ser assim, compreendo que é preciso fazer mais um esforço individual, a bem do interesse colectivo que exige que Portugal arrume as suas contas, e que dê provas concludentes de que é capaz de resolver, com os sacrifícios que isso implica, a crise em que se encontra e que urge debelar.
A execução orçamental está muito longe de cumprir as metas que estavam definidas.
A todos nós, que fomos chamados a fazer um novo sacrifício, resta-nos esperar que esta seja o último pagamento por conta das mentiras que nos impingiram.
Mas, em troca, temos o direito de exigir algum respeito e decoro por parte de quem voluntária ou inadvertidamente contribuiu para esse logro.
Nuno Costa, em 24/01/2012

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O peso da herança rosa

                             
O primeiro-ministro jurou várias vezes que jamais justificaria a tomada de medidas duras com o peso da realidade herdada.
Trata-se de uma almofada que serve para mostrar à troika a determinação com que o Governo arranca. As contas têm que bater todas certinhas, sob pena de entrarmos num turbilhão.
Do ponto de vista político, teria sido mais prudente mostrar todas as parcelas da factura de uma só vez. Do ponto de vista prático, temos que dar a Passos Coelho o benefício da dúvida: talvez não tenha tido tempo para acertar todos os pormenores de uma medida que mexerá no bolso dos contribuintes.
O esforço brutal exigido aos contribuintes será imoral, caso o Estado não faça a sua parte, cortando gorduras onde elas são evidentes e introduzindo princípios de gestão da coisa pública mais eficazes nos sítios dominados pelo laxismo e pelo carreirismo.
O pior que pode acontecer é que essa pressão lhe roube lucidez. Estamos ainda longe da intolerância social grega, mas, convém lembrar que em casa onde falta pão, todos ralham e ninguém tem razão.
O perigo espreita.
Nuno Costa, em 23/01/2012

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Há um limite para tudo

                       
O quadro de um país mais pobre, mais triste, incapaz de gerar oportunidades e impotente no combate às injustiças.
Quando o buraco das contas públicas ultrapassa as piores expectativas, um dos remédios clássicos é o assalto ao bolso dos contribuintes.
Faz pensar que continua subjacente o irracional miserabilismo que considera rico quem ganha 5 mil euros por mês, ou mesmo 2500 euros.
Se Passos Coelho falha é o País que se afunda. PSD e CDS possuem margem para errar. Os socialistas estão impedidos de virar costas, pois há a herança de um passado com a sua assinatura.
A cegueira neste caso, equivale a cobardia e oportunismo.
Nuno Costa, em 20/01/2012

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Povo português: eis a verdade do resgate...

                     
Para a população em geral que vive do seu parco salário, regrado e de acordo com o aceitável e possível num país como o nosso, paralisado no sector terciário, depois de fuzilar o primário e o secundário, todo este desbaratamento dos nossos impostos deve-se exclusivamente aos exageros dos vencimentos de uma restrita camada da população encabeçada pelos políticos, gestores públicos e funcionarios públicos, desde altas patentes militares, passando por magistrados, médicos e professores. Foram estes que se apropriaram do regime e dos sindicatos para dar azo aos seus desvarios. Pedem empréstimos para pagar apartamentos que deveriam custar 100 e compram por mil, carros de 20 por 50, casas de férias, do campo e passam férias em tudo o que é lado... Os congressos e missões diplomáticas nada servem do que para lazer e turismo. Agora que o dinheiro não chega para tudo isto, pedem dinheiro à Europa que vale 10 e deveria valer 1... Odeiam Portugal e a sua história, não olham a meios para atingir os seus objetivos materialistas que logicamente passa por destruir e empobrecer para liderarem e comprar tudo por meia tosta e se intitularem os salvadores da Pátria.
Povo português: eis a verdade do regate...
Nuno Costa, em 19/01/2012

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Liga com mãos mais pesadas

                   
O arremesso de bolas de golfe e maçãs, entre outros objectos, foram uma constante durante o último campeonato e motivaram um mar de críticas, sobretudo devido ao facto de as penas aplicadas pela Liga, uma multa de (2500 euros) serem consideradas demasiado brandas. Mas, a partir da nova época, o cenário vai ser diferente. O clube cujo adepto atire objectos passíveis de provocar lesões graves aos intervenientes do jogo ou que obriguem à interrupção do encontro por mais de 5 minutos será imediatamente punido com a realização de 1 a 3 jogos à porta fechada.
Como cada unidade disciplinar equivale a 102 euros, as multas pelo arremesso de objectos vão variar de 12.750 a 25.500 euros.
Mão bem mais pesada da Liga.
18/01/2012

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Brutal queda do nível de vida do povo

                     
A última etapa que agora começa vai caracterizar-se por uma brutal e progressiva queda do já débil nível de vida do povo. Com a anunciada privatização do que resta do seu património, o Estado perde uma das duas fontes essenciais de financiamento. Ficando apenas com a dos impostos. Por consequência, das duas, uma: ou os impostos terão um forte aumento, ou o Estado terá uma redução drástica no ensino, na saúde, na segurança e na protecção social.
Nuno Costa, em 17/01/2012

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Artistas idosos com míseria de pensão

                     Idosos: Crise pode tornar pensões mais cobiçadas pelos familiares - APAV
Que gente iletrada receba uma parca reforma, ao fim de uma vida de trabalho braçal, de sol a sol, porque aqueles para quem trabalhou também assim viviam, não sabendo sequem o que era Segurança Social, sobretudo nas aldeias, nos trabalhos do campo, não surpreende ninguém. Mas é com espanto que vejo gente de outro estrato cultural, alguns que devem ter sido principescamente pagos, queixar-se do mesmo.
Sendo algumas destas pessoas artistas famosos, a situação de que queixam demonstra que a sua incontestada competência profissional foi largamente ultrapassada pela incompetência na gestão da vida pessoal.
Nuno Costa, em 16/01/2012

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O sistema está exausto e falido

                                   
O empobrecimento espiritual e cultural é a causa do empobrecimento material.
Mais do que a bancarrota que quase nos está colada, é a banalização da imoralidade, da injustiça, do embuste e da inqualificável ganância. O sistema está exausto e falido.
Não deposito esperança nem sinto obrigado a respeitar o estado a que o Estado chegou, porque a actual situação está contaminada de incultura, ignorância, estupidez, mentira, propaganda, ilusionismo, falsas evidências...
Urge combater energicamente todas estas negações do ser humano. A 2ª República tem andado, maioritariamente, nas mãos de gente de baixa índole, de deficientes morais, com os resultados à vista desarmada. Portugal levantar-se-á quando sustentado na justiça social, na igualdade de oportunidades, na solidariedade activa e não na indigência do cidadão trabalhador, tendo sempre como referência as pessoas.
Nuno Costa, em 13/01/2012

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

É tão ridículo que parece uma anedota

                     
Será que temos de acreditar na vida para além da morte? Ou os mortos precisam de dinheiro ou medicamentos lá do outro lado? Cada vez penso mais que somos um país de alta corrupção a todos os níveis, em especial vinda de entidades que deviam dar uma imagem de autoridade, segurança e independência face a todas as formas de corrupção.
O Ministério da Justiça paga chorudas pensões a magistrados e desembargadores jubilados que já morreram há vários anos! Como é isto possível com um sistema informático a funcionar há vários anos!
Há que repor a legalidade e serem devolvidas todas as que foram recebidas indevidamente.
Não bastando isso, (40%) das receitas médicas constam como tendo sido emitidas por médicos já falecidos a pessoas que já não se encontram vivas.
Afinal, quem beneficia com tudo isto? É tão ridículo, que até parece uma anedota. E daria até para rir, se não estivéssemos a pagar essas fraudes com os nossos impostos. Os médicos dentitas passam neste país, cerca de (25%) das receitas totais. Pelos vistos, a nossa saúde oral anda pelas ruas da amargura! Combater as fraudes é urgente e cabe a cada um de nós delatar estas situações. Num país que se apresenta à beira da banca rota, todos somos moralmente obrigados a fazê-lo.
Nuno Costa, em 12/01/2012

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Da economia paralela

                                           
A fuga de quem usa o colarinho branco estavá facilitada pelos avisados apontados por eminentes especialistas em direito fiscal, capazes de procurar com a ajuda de uma lupa os buraquinhos que a lei abre, e, posteriormente, é incapaz de punir.
Estarão pior os que têm recursos para tamanhos de luxos. Mas, mesmo aqui, sabemos como é amplo o laxismo de quem prega a cidadania apenas até ao ponto em que ela obriga a seguir, as obrigações fiscais.
Não é líquido que esse medinho permaneça nas cabeças de pequenos e grandes empresários, de cidadãos cumpridores e incumpridores.
Este é também o retrato de um país que sonhou alto e incutiu no cidadão comum.
Se para alcançar esse glorioso objectivo for necessário incunprir, fazer uma falcatruazinha ou uma falcatroazona, isso resolve-se com recurso à consciência.
Segue-se um círculo vicioso capaz de afundar um país.
Nuno Costa, em 10/01/2012

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Soldados e doutores

                      
Está na sala de operações a aguardar uma operação radical de reparação. Dos médicos que agora entram em serviço, coordenados por Passos Coelho, espera-se muito e a eles se cobrará tudo.
O primeiro-ministro indigitado tirou da cartola vários coelhinhos, dos quais os mais inesperados são, como se compreende, os coelhinhos era do Passos Coelho o pai da coelhada, Paulo Macedo, na Saúde, Nuno Crato, na Educação, e Álvaro Santos Pereira, na Economia.
O resto da equipa é marcadamente política, já foram recrutados para o núcleo da proximidade.
De facto, já toda a gente sabe o estado em que Portugal se encontra e insistir na tecla da herança da situação actual corresponde a chover no molhado.
Mesmo os que, na rua e fora dela, andaram a brincar contra Sócrates, mal sentirem minimamente beliscados.
Agora, não se pode queixar se alguns dos sldados que recrutou virarem doutores.
Nuno Costa, em 09/01/2012

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Gasto com subsídio de desemprego e abono cai a pique

                      
As famílias com menores a cargo receberam menos de 49 milhões de euros e os beneficiários de rendimentos de inserção perderam 25 milhões de euros - ambos foram cortados em mais de um terço. Já o subsídio de desemprego baixou de 21 milhões de desempregados, dizem eles, menos (5,6%), face à despesa. As descidas devem-se às várias alterações à lei feita desde então: por exemplo, para calcular o grau de pobreza da família são somados rendimentos de pessoas que ficavam de fora; ou o combate à fraude e evasão, no desemprego.
Mas só o Estado ainda continua a apresentar um buraco de 374 milhões de euros, mas ainda cada vez menor.
Aqui, o forte aumento de impostos alicerçou - no IVA e a receita subiu (12%) e o IRS, os trabalhadores pagaram mais (4,9%), que representam dois terços da receita fiscal. Mas a despesa foi ainda maior, apesar da quebra de (5,3%) do gasto com os salários.
Nuno Costa, em 06/01/2012

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Comprometidos com o abismo

                        
A forma como o primeiro-ministro comprometeu com o futuro de Portugal sem consultar o presidente da República, os partidos da Oposição e os parceiros sociais. Reconheço, todavia, engenho ao primeiro-ministro e seus conselheiros. Politicamente, era difícil ter estalado o PSD e o próprio Cavaco Silva.
E eis que chegamos a este ponto: o primeiro-ministro já comunicou aos parceiros europeus qual será a estratégia de contenção portuguesa nos próximos tempos, mas pode correr o sério risco de ver abortada essa intenção, se o país, como aparenta, se precipitar para uma críse generalizada.
A política de erguia do Governo é tão mais escorregadia quanto se percebe que quer fazer reverter o ónus do pântano para o PSD, de Passos Coelho, e para o próprio Cavaco Silva. Ninguém quer ser o pai da criança. Ninguém quer ficar associado à ideia de voltar a chamar o povo às urnas, ninguém quer ser o coveiro.
Mas, por outro lado, este é o momento errado para tenaz José Sócrates ir às urnas, enquanto ainda vai tendo capacidade para respirar fora de água, enquanto o próprio PS ainda vai segurando com uma bóia de salvação no mar revolto.
O casamento entre o PS e o PSD foi um casamento de conveniência. O casal não andou de mão dadas, pese embora a coincidência de algumas atitudes, e vive confrontado, do novo, com essa fatalidade chamada atracção natural.
O país, já está conformado: vai ser ele a pagar a factura. E se a paz podre é para durar, então que chamaram o FMI. A malta já se habitou à ideia de acrescentar furos ao cinto.
Nuno Costa, em 05/01/2012

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Vida para além do défice

                                        
Passos Coelho já avisou: vêm aí dois anos terríveis. O que aí vem será terrível para quase todos os portugueses, sobretudo para os vão perder o emprego, e serão quase um milhão; para dois milhões de pobres, a maioria crianças e velhos, porque um Estado praticamente falido pouco mais poderá fazer do que matar-lhes a fome; para os pensionistas, outros dois milhões, cujos rendimentos vão baixar drasticamente, por via de impostos especiais e congelamento das pensões.
A reforma administrativa do país não se pode fazer apenas para poupar uns tostões no imediato.
Se queremos chegar ao fim de dois anos terríveis com a sensação de que o país pode mudar para melhor, é preciso encontrar um objectivo mais mobilizadores do que cumprir o défice e pagar a dívida pública. Haverá algo mais mobilizador do que criar condições para um crescimento equilibrado e sustentado de Portugal?
Nuno Costa, em 04/01/2012

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A natural indignação

                                    
Os maus governos provocam o descontentamento. E, quando carreiam a injustiça, despertam a indignação. Um pouco por toda a parte traduziu-se ela em comíçios, em protestos de rua.
Pergunto: a indignação cevar-se-á nela própria? Limitar-se-ão ao prazer de protestar aqueles que protestam? Acusam os partidos, viram-lhes as costas. Apura-se, que esse ideal foi traído: chegado ao poder, governou ao invés do que, a ser coerente, deveria governar. Não admira ver, depois, os que votaram nesses partidos a repudiarem-nos e a declarem-nos mortos. Mas tais mortos não acarretam a morte do ideal democrático: reclamam a sua defesa. O ideal, ainda que traído, nunca morre. Dizermos que não queremos e não dizermos o que queremos não leva a nada, pelo contrário, leva ao descrédito. A indignação é a revolta da ética ofendida que urge salvar e reforçar.
Nuno Costa, em 03/01/2012

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

O que os políticos têm a aprender nas feiras

                             
Paulo Portas é o Paulinho das Feiras. E fez de tal forma história que acabou copiado por todos os outros partidos nessa presença constante nos mercados. Não há diferença entre uma peixeira a beijar o rosto esquálido de Francisco Louçã ou um vendedor cigano de roupa a desafiar os modos suaves de Pedro Passos Coelho.
Apesar da megapresença dos líderes nas feiras, elas ainda são muito mal aproveitadas, com pouca imaginação. Se o Paulo Portas, ou até Francisco Louçã, para além dos beijos e abraços, a conversar com qualquer um dos vendedores ambulantes com que se cruzam, teriam garantidos vários soundbytes e muitas lições de política e economia.
Para já, em qualquer um desses vendedores há um empreendedor - fígura mítica de que Portugal tanto precisa. Mesmo descontando a tradição dos que são ciganos e seguem à toa, há muito para aprender com os vendedores de rua. Vender, por conta própria, implica várias decisões económicas diárias. Quando comprar para não ficar com material em casa? Tudo decisões que, nas grandes empresas, são tomadas com o respaldo de vários estudos de mercado. E que um vendedor resolve com um golpe de cintura e muito intuição.
Será talvez um dos sintomas da doença que corrói a economia portuguesa, o facto de há muito as nossas ruas terem deixado de ser disputadas por vendedores - nem nos semáforos, nem nos locais de passagem, nem nos bairros mais populosos.
Além das lições de micro e macroeconomia, os políticos tinham ainda muito a aprender sobre teoria política com os vendedores.
Esse é o seu local de vida e trabalho, o seu mercado, o ambiente económico e político que ele precisa de controlar para ter comida para pôr na mesa para os filhos.
Por que é que o PSD não explode nas sondagens? - o vendedor de rua explica. Por que é que Sócrates ainda consegue reunir tanto apoio? - o vendedor tem uma ideia. O que é que o Bloco devia fazer para aniquilar o PCP? - perguntem ao vendedor. Porque a resposta à pergunta sobre como Paulo Portas, o líder do partido mais elitista, se tornou no mais popular - a essa já o vendedor de rua respondeu.
Nuno Costa, em 02/01/2012