quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O bebé e o monstro

                                                                                           
Deles se diz quanto pior jogam mais decisivos são, porque a eficácia não depende do conflito ou do amor na relação com a bola. Os goleadores não são grandes futebolistas? Alguns não serão, mas como podemos denegrir a forca de quem existe para dar nome próprio ao dado mais valioso do jogo? Hulk é um jogador incrível, que domina todos os segredos da velocidade e tem potência para demolir um prédio; mas não parece tão feliz nas vias congestionadas do centro como nas vastas pradarias das faixas laterais. De outra massa é Van Wolfswinkel, um jovem a consolidar argumentos numa função que não abdica dos valores adultos de experiência, saber e maturidade. Fenómenos à parte, um grande matador precisa de tempo para se expressar na plenitude.
Para manter acesa a chama goleador que o ilumina precisa de jogo para exercer. Sendo dele o papel principal no processo de integração na máquina, é solidário, corajoso e útil na grande área; antecipa os factos e sabe ler os indícios à sua volta; tem velocidade, sentido de orientação, ideias claras e uma técnica austera mas efetiva. Assente num estilo inocente e sedutor, chega a parecer distraído e até gentil. Mas jamais deve ser visto como emissário de paz.
Tem cara de menino bem comportado, daqueles que não fazem mal a uma simples mosca, mas é um assassino em potência, pronto para desencadear a guerra ao inimigo e fazer a festa para o seu lado da barricada.
Utilizando métodos diferentes, Van Wolfswinkel e Hulk servem a mesma causa e defendem a mesma bandeira. Um procura iludir o instinto assassino com ar de bebé perdido na selva que é a grande área, o outro é o monstro esmagador de processos lineares, cuja a potência o torna invencível, um passa hora e meia abrindo as brechas na muralha, o outro derruba-a pelo método de sucessivas explosões.
26/09/2012

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