sábado, 31 de dezembro de 2011

O rating de Cavaco

                                          
O murro no estômago dado pela Moody´s e a negra das bolsas permitiram a Portugal acordar do conto de aldeia e a manobra política para a recente economia portuguesa.
Bastaram para que Portugal deixasse a luta política do tipo Morgadinha dos Canaviais e se assumisse como vítima menor de um Império Contra-Ataca da economia global.
Os deuses ocultos dos mercados multiplicaram o crédito fácil, desigualdades e produtos tóxicos.
Os Estados salvaram os banqueiros irresponsáveis e coletivizaram os calotes, mas a natureza do escorpião não perdoa...
Entre nós, o mais veterano político profissional no ativo foi da ilusão tecnocrática para iludir a manipulação política. Agora que foi sujeito a uma penosa revisão do rating político, é tempo de tentar falar claro aos portugueses, incluindo aos que nele não votaram.
Nuno Costa, em 31/12/2011

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Debaixo do Vulcão

                                        
Os portuguses seguem com uma angústia enfastiada, as turbas de jotinhas, os figurantes inocentes estimulados por passeio, almoço e beijo de herói distante, mais absurdas de sempre e que antecedem o mais violento choque social de um compromisso democrático que não mudou Portugal.
Fundos europeus generosos malbaratados pelo oásis cavaquista, a esplosão do crédito fácil que o otimismo guterrista não travou e a incapacidade de antever a profunda crise de valores europeus que o euro iludiu e adiou colocam-nos à beira da bancarrota mais inúteis e penosas de sempre.
Grande parte do penoso futuro está definido no recessivo e injusto acordo externo que a sede de poder e a desgraça europeia tornaram inevitável.
Os portugueses vivem entre a ensiedade face à overdose de medidas e a inconsciência dos que ainda não perceberam que o esforço será de todos.
Entre a dívida sobre a capacidade de Passos Coelho de estragar os danos e contornar incólume os rios de lavar incandescente e a vertigem radical de um PSD imaturo ávido de provocar os danos incalculáveis, hesitam perante a sensação de estupor face à ameaça de erupção iminente do vulcão do consenso social.
Nuno Costa, em 30/12/2011

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O fim da macacada

                             
Há confortos, mesmo pequenos, enchem-nos a alma e tranquilizam-nos.
Coisas tão simples como, o último dia de trabalho e o primeiro de férias, o primeiro dia de calor e o último dos corpos tapados, o copo meio cheio, mas que nos parece meio vazio; ou outros, mais quotidianos e idiossincráticos, como saber que há sítios onde ainda se pede uma bica em vez de um café.
Mas se a vida, pública ou privada, precisa destas pequenas referências, o certo é que o Mundo continua ainda a girar.
Ter convicções e, sobretudo, mantê-las, é qualidade apreciável, mas viver obcecado com a conservação das coisas e dos costumes, sem aprender a relativizar uns e outros é meio caminho para ser obsoleto.
Para o presidente da UEFA, se cada macaco estivesse no seu galho, o Mundo seria um lugar melhor. Para desagrado do senhor, há macacos que não hesitam em saltar de ramo quando de outra comunidade primata se acena com uma banana. Nesta versão simiesca de ver as coisas, o futebol, área que o francês domina, está a transformar-se numa macacada pegada.
Ora isto perturba a confortável visão que o senhor tem do futebol e, provavelmente, do Mundo.
O presidente da UEFA preconiza, o fim da macacada.
A visão de Platini e a visão de quem vive orgulhosamente só.
De quem não saiu do Restelo e muito menos chegou à Lua. Se também eles fossem macacos, seriam de outra espécie. Daqueles que só olham para o próprio nariz e não saem dele.
26/12/2011

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O novo governo e os cínicos entendidos de sempre

                         
A concetração de pastas e políticas, aconteceu como era previsível e todos podemos intuir que o processo teria ido ainda mais longe, não fosse para tal necessário mexer em leis orgânicas.
Falta-lhes experiência, dizem esses especialistas da ciência política que capricham na amnésia, uma vez que todos nos recordamos de lhes termos ouvido comentar: Quem sim, mas.. São sempre os mesmos. Referindo-se a ministros com vastas carreiras partidárias, por isso mesmo, não conseguiam levar por diante políticas para o povo.
Portanto: se já percebemos que esses analistas são o pau para toda a colher, resta-nos a esperança de que os novos ministros, catalogados de inexperientes, não o sejam.
A ideia de que pode haver gente nova capaz de dar um novo crédito à coisa pública é demasiado entusiasmante para ser morta à nascença pela velha e velha ideia de que a antiguidade é um posto. Por isso, não entendo que se possa negar um tempo de benefício a uma equipa mal governativa que inclui quatro ministros sem filiação em qualquer dos partidos coligados e ostentam credenciais técnicas.
Até ao dia em que percebemos que eles não são nada endendidos naquilo em que nós próprios estamos um pouco informados.
Nuno Costa, 23/12/2011

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O estado do regime

                         
Portugal tem-se mantido na primeira linha das agendas, pública e mediática, porque está verdadeiramente em crise, roça a pré-falência, é um estado dependente da obrigação que os seus parceiros políticos e económicos têm de o ajudar, a troco do pagamento de juros altíssimos que hipotecam o futuro do nossos filhos e netos. Mas, a propósito da Liga Europa, há menos de um mês, quis-se festejar no futebol português uma ideia que não existe: o que se passa aqui é um caso de sucesso, venham aprender com os gestores do futebol como se pode governar o país, quem sabe o Mundo inteiro.
Não é, possível vender o sucesso do futebol aqui, quando o país está a cair ali. Porque não é possível ingenuamente isolar uma parte de todo.
Entretanto, o Mundo avançou, o FC Porto foi coroado, a Liga Europa ficou para trás e a estrutura que aí está, a enquadrar a conjuntura de sonho e esperança das contratações e formação de plantéis-maravilhas, é a do futebol português dos contratos paralelos, onde os dirigentes acenam a profissionais incautos com promessas e artifícios que acabam sempre por desmascará-los na primeira oportunidade.
Quando o dinheiro faltou, estes foram esquecidos e Bartolomeu passou apenas a responder pelos contratos registados oficialmente, tendo sido então confrontado com uma ameaça de greve que os jogadores nunca poderiam fazer... porque continuavam a receber o que era do conhecimento da Liga.
Não é possível continuar a assobiar o hino da alegria afinado, deixando o campo livre a outros para os seus esquemas esquesitos. A final da Liga Europa foi uma linda jornada, juntamente festejada, mas não passa de mais um episódio deste país assimétrico, bipolar, que tem dificuldade em encontrar uma linha de crescimento que a todos permita comer o bolo.
22/12/2011

domingo, 18 de dezembro de 2011

Contratos paralelos no futebol português

                             
A Liga Portuguesa de Futebol Profissional está perante de um problema complicado: a existência de contratos paralelos na relação entre os clubes e os jogadores.
A maior dificuldade para combater uma prática que é genericamente reprovada mas continua a ter adeptos ao mais alto nível é o ponto de partida.
Isto é, formalmente, os contratos que dão entrada na Liga, apesar de não traduzirem a realidade, escondida em contratos adicionais que escapam tanto às instâncias desportivas como aos impostos.
O que acontece é o seguinte: o clube acerta uma verba para retribuir os serviços do jogador e, depois, esse valor é repartido por dois contratos; um dá entrada na Liga e é sujeito às tributações; não é registado ou fica isento de pagamento de impostos, ao abrigo de acordos internacionais para evitar a dupla tributação.
O clube reduz substancialmente a massa salarial e, além disso, sendo esta mais baixa, é menor a hipótese de entrar em incumprimento e sofrer as respetivas consequências de âmbito desportivo ou despromoção.
Os jogadores acabam por receber mais, atendendo a que parte da verba acordada não fica sujeita a descontos.
Como sempre, quando as coisas correm mal. Neste caso, quando há incumprimento dos clubes, a quem compete fazer o pagamento daquilo que, na verdade, é o salário do jogador.
Quando a liquidez da tesouraria falha, os clubes deixam de pagar os contratos paralelos e... nada acontece. E é aqui que os jogadores, que não lidam com isto todos os dias, se apercebem de que prescindiram de direitos ao assinar.
Ou seja, mesmo depois de feita a prova de que a verba faz parte integrante do salário - o que, normalmente até nem é muito difícil, mas acaba sempre por demorar algum tempo em procedimentos burocráticos-, é muitíssimo mais difícil garantir o recebimento do dinheiro que consta no contrato paralelo.
18/12/2011

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Subir ao céu e voltar

                                 
A 16 de Junho de 2009 apresentava-se na Luz o homem que iria devolver o clube à grandeza, referenciada pelo título nacional, principalmente, pela excelência de uma proposta marcada por futebol ofensiva, esmagador, mobilizador das massas e digno da gloriosa história da águia.
Na primeira época a equipa conjugou resultados com futebol de grande qualidade, título nacional mais a Taça da Liga e uma boa presença na Liga Europa; um futebol atraente, de pendor ofensivo, que mobilizou os adeptos e obteve o reconhecimento dos adversários.
Jorge Jesus foi o mentor de uma temporada fantástica. Pôs a equipa a jogar e a vencer; descobriu jogadores e potenciou outros níveis impensáveis; teve sucesso e fomentou riqueza no clube. Para o futebol que exibiu e o impacto que causou, faltou ao Benfica 2009/10 cumprir parâmetros para ser eterno: devia ter sido campeão mais cedo e cometeu oportunidade de conquistar a Europa - a prova de que estava ao alcance.
Com alargado consenso partiu em busca de glória. Teve mais força na construção do plantel.
Quando chegou ao troço decisivo da época, a equipa vinha dezoito jogos consecutivos a ganhar.
Depois de ter subido ao céu, atirado pela levitação coletiva  de quem fez dele um ídolo, voltou à terra. Daqui iniciará a terceira etapa consecutiva como treinador encarnado.
15/12/2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Como é possível não partir a louça?

                              
Depois da angústia, os portugueses vieram dar algum apoio ao presidente da República. Ainda que tenham sido muito menos do que ele desejava.
Alguns assustam-se com a palavra obrigatória. Como se em democracia não pudesse existir nada obrigatório, atentar contra a liberdade.
Entretanto, para além da vitória esperada do PSD que cresce, mas não aparece como grande vencedor por ter posto desta vez a fasquia, mas sobre essencialmente um Bloco de Esquerda que ruiu fragorosamente, encolhendo para metade os seus deputados.
Não esperou muito tempo para sair da tribuna do Governo e do palco do PS, com uma elegância da vergonha profissional que apraz registar. Já Francisco Louçã viu-se encolhido numa proporção inimaginável e continuou como se nada fosse.
Vítima da percepção inútil, o líder do Bloco, que tinha subido às nuvens, foi agora devolvido à Terra como uma violência inusitada. Mesmo assim, a sua cabeça continua a pairar acima da realidade e o que estranha é que não haja nenhum bloquista que peça a sua cabeça ou pelo menos parta a louça, como ocorreria seguramente num partido normal.
Louçã foi o grande ilusionista que levou o Bloco e os que penduraram nele a patamares e a locais nunca sonhados. Desfeita a ilusão, pertida a frescura, condenada inexoravelmente a sua juventude, só percebe que continue o líder se for para ser ele a apagar a luz. Porque já não há ninguém capaz à sua volta.
Fica a dúvida de saber se alguma vez houve.
Nuno Costa, 09/12/2011

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Finanças não pagam despesas a inspectores

                             
Há 1811 inspectores tributários, 1100 dos quais prestam serviço no exterior quase diariamente. Deslocam-se em transportes públicos e, na maior parte dos casos, na sua viatura de família para as empresas que visitam para realizar inspecções.
Os inspectores deixaram de contar com o pagamento das ajudas de custo em deslocações e com a comparticipação por km percorrido em viatura própria ou pagamento da deslocação em transporte público.
Mas o atraso no pagamento das ajudas de custo está a afectar apenas os inspectores tributários.
O mesmo se passa com os funcionários afectos à área da justiça tributária, que são quem procede às notificações dos contribuintes com dívidas fiscais e faz o levantamento dos bens susceptíveis de serem penhorados.
Alguns inspectores tributários têm a haver algumas centenas de euros, mas outros possuem créditos de 1000 a 3000 euros junto dos serviços.
Os inspectores sofreram um corte de 20% nas ajudas de custo e de 10% na comparticipação por km percorrido em serviço com a viatura pessoal do funcionário ou em transporte público. Em valores, alta redução significou uma descida de 62,75 euros pata 50,20 euros na diária das ajudas de custo e de 40 para 36 cêntimos por km.
A tudo isto vem ainda somar-se a redução do complemento que os funcionários recebem através do Fundo de Estabilização Tributário.
Como o valor deste resulta da aplicação de uma percentagem do vencimento base, o corte salarial implicou que o montante pago seja mais reduzido.
Perante a falta de pagamento, os inspectores não podem contudo recusar serviço externo.
Nuno Costa, em 07/12/2011 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A falta que o cascalho faz ao cunha

                                     
É perante o declínio acentuado da população de cumbas, que aumenta a necessidade do País investir em medidas de mitigação, que viabilizem retirar a espécie da zona de perigo de extinção nos rios portugueses. A extracção de inertes do Guadiana e Tejo é apontada como o maior obstáculo à sobrevivência deste peixe, que também se tem revelado bastante vulnerável à poluição das águas.
Sem cascalho ao longo dos rios, o cumba vê as horas desovar, durante a Primavera. Apesar de ser um amante das águas calmas, é capaz de enfrentar correntes severamente adversas na época de reprodução, subindo os rios em cardume, saltar mesmo por cima de rochas e atravessar zonas em que o nível de água tem escassos centímetros de altura, ficando à mercê de toda a espécie de predadores. Sobretudo do homem, que facilmente o apanha à mão nos troços de baixo caudal.
A extracção de inertes é ainda mais prejudicial a este barbo devido ao índice de turbidez que provoca na água, representando o risco de asfixia para a espécie já que ficou demonstrado que as guelras do cumba acumulam partículas que podem ditar a sua morte. Isto porque não é a água turva que impede a espécie de se alimentar nas profundezas dos rios, graças aos seus aliados barbilhos sensitivos no maxilar superioro ajudam a procurar alimento no fundos turvos. Por outro lado, esta turbidez pode ter ainda efeitos nefastos sobre os próprios avos, provocando a sua mortandade.
Mas os obstáculos do cumba não terminam por aqui. A agudizar o declínio desta espécie, que pode viver 20 anos, está ainda a poluição proveniente das descargas de efluentes industriais não tratados e da própria agricultura, devido à escorrência de pesticidas e fertilizantes.
Para preservar esta espécie endémica da Península Ibérica, da Natureza e da Biodiversidade, apelo à interdição de extracção de inertes em qualquer época do ano nos locais conhecidos como sendo áreas procuradas pelo cumba para se reproduzir.
Um dos planos aponta mesmo para a recuperação das áreas intervencionadas logo após desactivação da exploração e o reforço que impeça as extracções ilegais. Já os pegos deverão merecer atenções redobradas, perante a relevância na conservação da fauna aquática da bacia do Guadiana.
Nuno Costa, em 05/12/2011

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

O povo precisa saber

                                  
Os partidos já exibiram o que têm e disfarçaram o que não podem dar. Os protagonistas colocaram na mesa as cartas que queriam, procurando furtar-se às questões embaraçosas que a crise levanta. Com franqueza ou abrigados no manto da mentira, foram esgrimidos todos os argumentos e contra - argumentos que sustentam as teses em confronto, neste ambiente de depressão colectiva.
O que está em jogo, no essencial, é perceber se os portugueses interiorizaram mesmo a necessidade de romper com um modelo de governação que ajudou a cavar o fosso em que o País se atolou, tendo em conta as circunstâncias em que qualquer Governo será obrigado a operar e que já se encontram irrevogavelmente traçadas pelos estrangeiros que, começaram a colocar cá o dinheiro necessário para o adiamento da bancarrota.
Para desespero de Passos Coelho, a demagogia e o embuste que envolveram Portugal desabaram, sem apelo nem agravo. Agora, é preciso agir depressa e com a competência para tentar evitar a crise em Portugal, a entrar em situação desesperada, se repita connosco. Quem for Governo irá pagar um preço muito alto, daqui a quatro anos, pelo duro e patriótico trabalho que é preciso fazer. Não é, tempo para calculismos e para projectos de popularidade. Há gerações à espera e não perdoarão novos erros nem repetidos disfarces. O caso dos pagamentos extras que a Estradas de Portugal se comprometeu a efectuar por cinco concessões que chegavam a ser chumbadas, pelo Tribunal de Contas.
Surgem indícios de que nova auditoria arrasa o modelo de financiamento adoptado e que processos - crime vêm a caminho.
O povo tem o direito de saber.
Nuno Costa, em 02/12/2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Interior da Lua cheio de água

                                        
A Lua era árida, mas no interior deste satélite existe tanta água quanto nas profundezas do planeta Terra.
Agora, de terem encontrado moléculas de água de magma lunar retidas em grânulos de vidro vulcânico, no interior da Lua haja cem vezes mais água do que se suspeitava: são 3,5 mil milhões de litros.
A mais defendida sustenta que a Lua surgiu após a colisão de um enorme asteróide com a Terra.
Os detritos expelidos por este impacto que formaram a Lua há milhões de anos. Porém, este grande impacto teria de ter gerado altas temperaturas, o que entra em conflito com a nova descoberta de água no interior lunar.
Nuno Costa, 01/12/2011