sexta-feira, 29 de julho de 2011

Défice comercial com o estrangeiro está a recuar

                                  
É uma moeda com duas faces completamente distintas, a balança comercial portuguesa referente aos produtos da pesca. Na área do peixe vivo, refrigerado ou salgado, as contas são negativas em todos os itens. Na zona das conservas, o saldo é mais positivo. Olhando o quadro global, Portugal continua a importar muito mais do que exporta, mas a diferença tem vindo a diminuir nos últimos anos.
No ano passado, o saldo da balança comercial dos produtos da pesca foi de 666 milhões de euros negativo.
Este valor é comparável, no entanto, com os 680 milhões e com os 775 milhões apurados para o ano precedente. O peixe congelado, especialmente a pescada - que continua a ser espécie de eleição à mesa dos portugueses, mas que existe cada vez menos -, contribuiu claramente para este défice, numa medida idêntica à dos peixes salgados, seco e fumados, onde se incluem o bacalhau, numa medida bastante menor, o salmão.
Os crustáceos e os moluscos são também responsáveis por uma boa fatia das importações portuguesas, tratar-se de espécies relativamente raras nos mares nacionais em clara progressão noutros destinos - especialmente no Índico e Pacífico.
Nas conservas de peixe diverso, Portugal exportou mais 45 milhões de euros do que importou. E na sardinha a diferença é ainda maior - 56 milhões de euros. Na sarda e na cavala, o saldo é também positivo, na ordem dos 16 milhões de euros. A situação inverte-se na área dos atuns, onde o poderio português já não é o que era (- 24 milhões de euros) e nos crustáceos e moluscos (- 6 milhões de euros).
Nuno Costa, em 29/07/2011

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Descargas de pescado aumentaram (13,3%) no ano passado em Portugal

                              
O preço médio do pescado descarregado em Portugal no ano passado caiu quase (8%), mas a facturação global da frota aumentou.
É na consequência de um ano em que a produção blobal conheceu um incremento de (13,3%) - de 152,1 mil toneladas, para 172,3 mil toneladas.
A produção da frota nacional ultrapassou os 177 mil toneladas. Em claro recuo estão os pesqueiros, que representaram quase 660 toneladas, no ano passado, ficaram-se pelas 18,5 toneladas.
A pesca nesta área é feita debaixo dos acordos celebrados pela União Europeia, é obrigada a respeitar uma série de condições quanto ao funcionamento da frota - a presença de cidadãos dos países que controlam cada zona económica exclusiva e uma delas. Muitas vezes, estas condições não agradam aos armadores nacionais, assim preferem buscar outros destinos.
O preço médio da sardinha à saída da lota rondou, os 0,64 cêntimos por quilo, enquanto o da cavala, ficou pelos 0,25 cêntimos.
Numa outra latitude de preços, encontram-se os polvos (3,58 euros), o atum (2,7 euros), a pescada (2,65 euros) e a raia (2,31 euros).
Com uma extensa frota a operar na sardinha, voltou a ser, no ano passado, o mais eficiente do país. Lá foram descarregadas 35 mil toneladas de pescado, praticamente um quarto do total nacional.
Com uma forte componente de marisco, atum e polvo são os preços médios mais elevadossão aqueles que conseguem maiores rentabilidades na operação pesqueira, apesar de relativamente menor tonelagem descarregada ao longo de um ano.
Nuno Costa, em 28/07/2011

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Afinal o Portas só tinha duques

                                
No 10º minuto de debate entre Portas e Sócrates, o líder do CDS/PP, depois de levar Sócrates a afirmar a dívida portuguesa crescera menos do que outros países europeus, sacou da cartola um gráfico, exibindo-lhe, eufórico, e aos queridos telespectadores: "Apanhei-te!".
A crer no gráfico de Portas, entre 2005 e 2011, anos de Governo PS, Portugal terá sido o país onde a dívida mais cresceu em percentagem do PIB. Estava ali, no gráfico mágico, com números e tudo; e gráficos e números não mentem!
Para pôr o seu gráfico a mentir, Portas usou o velho truque estalinista de retocar a fotografia, retirando dela a dívida que tinha crescido menos do que a portuguesa. Depois, para a coisa ficar um pouco mais negra, ainda falsificou os rácios da dívida sobre o PIB, aumentando cirurgicamente o de Portugal de (27,2%) para (30,2%) e, para que o fosso ficasse ainda maior, diminuindo de (26,7%) para (17,7%) e de (20,%5) para (15,2%).
Com o Sócrates com o jogo tão fraco, só o Portas se lembraria de fazer batota!
Nuno Costa, em 27/07/2011

terça-feira, 26 de julho de 2011

Nunca mordas a mão que te estendem

                          
Por estes dias, o refrão tem sido tantas vezes entoado que fica mesmo no ouvido. Dizem muitos políticos, mais uma mão-cheia de economistas, que andámos demasiado tempo a fazer vida de ricos e, agora, pagamos as favas. Quem se habituou a acreditar em todas as histórias. Os nossos dirigentes políticos vão fazer um mal negócio com o FMI e a União Europeia, para nos livrarem o mal do sufoco. E assim tem sido, o mal da nossa Nação.
Não está nem a guilhotina, nem a injecção letal, quanto mais a forca. A ver vamos se assumem a paternidade da criança que está a crescer.
Tão concentrados que andavam aqueles partidos a assinar hipotecas que nenhum deles ocorreu perguntar - sem ofensa, claro - qual seria a taxa de juro da fatia europeia do empréstimo.
É certo que não devemos morder a mão que nos estendem, mas era impertinência pôr a questão do custo real do dinheiro, generosamente, nos vai disponibilizar?
Era, pelos vistos, a gratidão não se compra e detalhes como esse tratam-se no fim, entre dois charutos, na sala do fumo. Como se os novos ricos que descobrem a paixão pelo mar e encomendam um iate, sem olhar ao preço. Vão os juros a (6%)? Depois não digam que o mau da fita é o FMI...
Nuno Costa, 26/07/2011

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Salários reais crescem mesmo em plena crise

                                 
De acordo com os dados fornecidos pelo Ministério das Finanças, os portugueses ganhavam, em média, 17.556 euros brutos no ano passado, isto é, 1.254 euros por mês. Este valor representa mais (2,5%) relativamente.
O ano transacto foi marcado por crescimento da pobreza produzida e da inflação em (1,4), sendo assim os funcionários públicos sofreram um corte médio de (5%) nos respectivos salários.
A taxa média do desemprego chegou ao valor histórico de (10,8%).
Em Portugal, o peso dos impostos sobre o trabalho é de (37,7% solteiro e com salário médio e 26,9% casal com dois filhos e salário médio, mas só um cônjuge a receber). Em ambos os casos registou-se um aumento de 0,3 pontos percentuais no ano passado.
O resultado é do salário médio cresce quando aqueles que saem do mercado de trabalho são maioritariamente os mesmos que tinham remunerações mais baixas quando estavam no activo.
A recomenda, no âmbito do esforço para recuperar as finanças públicas e voltar a colocar a economia a crescer, os governos deveriam alterar os impostos, privilegiando os indirectos em vez dos directos.
Isso explica a falta de competitividade da economia portuguesa, que levou o défices externos de cerca de (10%) do PIB ao longo da última década.
Publicado por Nuno Costa, em 25/07/2011

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Os salteadores de um pote à deriva

                              
                                    socrates-america.jpg
Na ponta mais ocidental desta Europa tão connosco, tão connosco, tão connosco até chega a meter nojo, existe um tesouro já mais do que explorando mas sempre apetecido para as várias máfias que por esse mundo pululam. Fazem-se passar por gente benemérita e muito temente a deus, amigo do progresso e da modernidade, construtores de um mundo onde todos os parolos se sintam felizes. O que originou, como todos sabem ou deveriam saber, a grave crise económica que pôs a grande maioria dos seres humanos a pão e água.
Segundo, um dos sctuais pretendentes à chefia desse rebanho, para o turno de serviço encomendado pelos abutres acantonam-se num pote, onde se pode gozar de privilégios e prebendas que fora dele se tornam mais difíceis.
E é assim que, neste momento, se movimentam os capatazes e pretendentes a ir ao pote, consoante a fome momentânea ou os serviços que se propõem a prestar aos donos do pote, ou seja aos abutres.
Por mero acaso, tive acesso à última reunião necrófaga, onde foram discutidos os prós e contras da manutenção dos actuais ocupantes do pote ou da sua substituição a curto prazo. E, segundo as sondas que por aí vão perfurando as consciências sempre distraídas, até parece que a seguir irá aceitar voluntariamente mais do mesmo. Com o Coelhone no lugar de Socratone, sempre sob o comando da Camorra.
Ai povo da minha terra, quando irás acordar?
Nuno Costa, em 22/07/2011

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Portugal cada vez mais desigual

                                      
O número de agregados familiares que procedeu à entrega de declarações de IRS foi 4449003. Deste total, 277880, cerca de (6,2%), sobrevivem, com 118 euros ou menos por mês.
Seguem-se 256151 agregados familiares (5,8% do total) que declararam um rendimento bruto mensal entre 119 e os 303 euros; 276680  agregados entre 304 ou 444 euros; e mais 466611 entre 444 ou 560 euros.
A agregação destes quatro primeiros escalões conduz-nos à conclusão de quase um terço das famílias portuguesas (28,7%) vivia, com um rendimento médio mensal bruto inferior a 560 euros.
Em contraponto à miséria em que vivem milhões de portugueses, 150 agregados familiares declararam ter um rendimento médio bruto mensal igual ou superior a 138 ou 961 euros.
Revelando a natureza das políticas que promove, ao Governo continuará a exigir mais sacrifícios às camadas que já vivem na miséria ou perto dela, aos reformados e aos pensionistas, bem como aos trabalhadores em geral, cavando ainda um fosso das desigualdades.
Nuno Costa, em 21/07/2011

segunda-feira, 18 de julho de 2011

A receita externa

                             
Conhecem-se, agora em detalhe, os termos do ultimato que colocou aos portugueses, e que o país terá que cumprir se não quiser ver condenado à insolvência. Preparados para o pior, os portugueses respiraram fundo. O discurso do primeiro-ministro, iniciou uma nova forma de fazer política, começando por anunciar as privações que não terão de ser feitas, um pouco como o médico, forçado a amputar o braço do paciente, lhe começa por dizer que não terá de lhe cortar as duas pernas.
Na verdade, as medidas que serão impostas aos portugueses nos próximos anos implicarão sacrifícios muito sérios, como se temia, serão suportadas mais uma vez, e em grande parte, pela classe média do país, o que não deixará de ter, a prazo, pesadas consequências, e um grande impacto social, cultural e política.
Em primeiro lugar, o mecanismo de controlo trimestral impedirá as contas públicas, o que reduz o risco a que temos estado sujeitos. Depois, abrange muito mais áreas do que as previstas nessa proposta do Governo, nomeadamente ao nível da redução dos gastos do Estado, ao reduzir a prestação das empresas, terá um impacto equivalente a uma desvalorização.
Por outro lado, terá a vantagem de trazer quase 80 mil milhões de euros para a nossa economia a uma taxa de juro inferior, aquela a que o país se iria, de outra forma, sujeitar.
Curiosamente, o Governo português acabou por aceitar, em poucas semanas, tomar medidas que há muito vinham a ser preconizadas pelo PSD e pelo CDS. Não sei qual será a interpretação que os portugueses fazem de tudo o que se passou nos últimos dias.
Será que ainda alguém se lembra de ouvir Sócrates garantir que não governaria com o FMI? Creio que, apesar de todas as dúvidas que um tema tão complicado possa suscitar, já se percebeu que este pacote fosse igual. Ter-se-á percebido, que os políticos que andavam desavindos se entenderam em apenas três semanas, não apenas porque lhes acenaram com uma cenoura.
Nuno Costa, em 18/07/2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Auteridade vai doer nos próximos dois anos

                                     
Nos próximos sete meses, até ao final deste ano, os portugueses sentirão grande diferença pelo facto de Portugal estar sob resgate.
Projectando o cenário para 2012 e 2013, está também salvaguardado um aumento das pensões mínimas. No entanto, o cenário negra começa a esboçar-se precisamente na Segurança Social. As pensões acima dos 1500 euros brutos sofrerão um corte que seguirá a amplitude das reduções aplicada este ano aos salários dos funcionários públicos.
As indemnizações por despedimento serão reduzidas de 30 para 20 dias (22 dias tinha sido o acordo em Concertação Social) por ano de trabalho, até um limite de 12 anos. Seja qual for o motivo, quem ficar sem trabalho ficará mais desprotegido, uma vez que o subsídio de desemprego irá até um máximo de 18 meses.
No orçamento mensal da família, algumas facturas farão lembrar os portugueses que o empréstimo de 78 mil milhões de euros ao país tem custos, directos ou indirectos, para todas as famílias. Esse é o caso da factura da electricidade e o gás. A taxa do IVA deixará de ser a mais reduzida (6%), saltando para a intermédia (13%) ou máxima (23%). Por outro lado, o aumento das receitas provenientes do Imposto de Consumo (250 milhões em 2012) implicará, segundo o Memorando de Entendimento entre o Governo português, a criação de um imposto sobre a electricidade, no seguimento, aliás, de uma directiva comunitária nesse sentido que Portugal estará atrasado em aplicar.
Outra factura que poderá engordar em valor é a do FMI. Sob a intenção de incentivar o mercado do arrendamento, tem mostrado poucos progressos, a troika negociou com o Governo um aumento das taxas e uma reavaliação dos imóveis.
Nuno Costa, em 11/07/2011

sábado, 9 de julho de 2011

O jogo da comunicação

                                       
No meio desta enorme turbulência que marca os nossos dias, por motivos políticos e económicos, ter particular interesse verificar o papel. Obcecados pelas notícias da crise financeira de um país anunciado à beira da bancarrota e da crise política que veio impor um indesejável período de propaganda partidária, escapam-nos, porventura, certas subtilezas. Estamos perante de um quadro pouco propício a vislumbrar a luz ao fundo do túnel que nos pode fazer sair deste sufocante beco. E se olharmos bem para o que está a acontecer, o jogo entre as partes está a travar-se na arena da comunicação.
Ora, se por um lado, uns acusam o Governo e Sócrates, terem feito uma má operação de propaganda na comunicação, não deixam de ficar estupefactos logo em seguida.
Desdramatizava as informações assustadoras para as reacções mais primariamente sensíveis aos portugueses (corte do 13.º e 14.º mês, despedimentos na Função Pública, privatização da CGD, etc., etc,) e afastava os temores nestes dias propalados. No fundo, o que se comprova, é discutir este acordo, num período aceso de propaganda eleitoral, contra a situação real do país. E só poderemos caminhar para sair do fundo deste poço se nos mentalizarmos, cada um de nós vai ter um acordo próprio, para vencer, em curta ou longa duração, crise.
Nuno Costa, em 09/07/2011

terça-feira, 5 de julho de 2011

Largar as drogas

                                      
O primeiro passo é não aturarmos esta situação por mais tempo. Não nos resignarmos a um governo que nos trata como imbecis e nos mente sem parar.
Não votarmos num partido que só mantém Sócrates como um líder de calculismo eleitoral, pois noutras circunstâncias já o teria substituído. Tal como uma droga tem de decidir largar o vício antes de refazer a vida, também aqui tudo o resta só vem depois da rejeitar destas práticas vergonhosas. Não se repita as patifarias da sua gestão e a terrível situação que criou, ainda continuava a ter apoiantes iludidos. Agora até há uma organização do PS para vergar o partido e esmigalhar a dignidade dos militantes, como num casino, são tentados a dobrar a aposta na esperança de pagar a dívidas do jogo.
Desta vez, ao contrário de algumas ocasiões anteriores, votar em branco não é uma opção construtiva. A cura pode ser dolorosa, mas os primeiros remédios não são evidentes: colocar a Justiça a funcionar, reduzir drasticamente a ineficiência do Estado. Isso só é possível com pessoas em quem minimamente confiemos para serem nossos representantes, que não venham daqui a uns anos repetir a promessa de começar aquilo que já devia estar terminado. Exijamos um país onde o políticos são imperfeitos mas decentes, onde todos temos um papel a desempenhar e uma responsabilidade enorme a cumprir daqui a um mês: votar para mudar.
Basta! Venham outros.
Nuno Costa, em 07/05/2011

sábado, 2 de julho de 2011

José Sócrates num país que é só de imaginários

                                      
Concordemos ou não com a ligeireza da ética dos métodos aplicados por José Sócrates, há um traço da sua personalidade que nos deve pensar: a capacidade de um homem se reiventar no discurso, de ficar sempre bem na televisão, no espaço de poucos dias, proclama uma coisa e o seu inverso, como atesta a versão negra do FMI antes de ser conhecido o programa de austeridade e a versão cor-de-rosa do plano depois do chefe do Governo ter recuado.
José Sócrates só tem lucrado por viver, em grande media, num país de imaginários que chama Portugal. O FMI vergasta a classe média com mais impostos, socorrendo-se da tal singular perspectiva da realidade, antecipa-se à chuva torrencial, anuncia ao povo aquilo que o povo quer ouvir.
Porque o impacto da mensagem foi superior aos efeitos do plano será verdadeiramente que vai doer para o povo português.
Para aqueles que duvidavam da ferocidade do animal político desta edição: o primeiro-ministro demissionário, arrastado para o fundo de uma crise em precedentes, já está à frente das intenções, um Pedro Passos Coelho que, também ele, arrisca transformar-se, mas pela negativa, num caso de estudo internacional. Como é que um primeiro-ministro com uma imagem tão desgastada consegue continuar a calvagar desta forma em direcção ao pôr-do-sol, sem dúvida alguma, um mistério.
A campanha, por isso, promete: com um plano de contenção sugragado por PS e PSD, a discussão centrar-se-á em torno de quem gosta de Portugal. Pelo país que existe aquele Sócrates que continuará a projectar no seu admirável mundo de ilusionismo.
Nuno Costa, em 02/07/2011