quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

É preciso parar de construir

                          
As 350 mil casas que estão à venda demorariam três anos a escoar, as imobiliárias não continuassem a embarcar o mercado com mais ofertas, o que é altamente improvável, para ressuscitar o arrendamento, a troika impôs medidas que penalizam a propriedade e a banca passou da face em que andava atrás de nós para nos emprestar dinheiro para a andar atrás do nosso dinheiro.
Um país com a dívida soberana classificada como lixo não se pode dar ao luxo de ter um milhão de habitações a precisar de obras e 100 mil milhões de euros empatados em casas vazias. No coração do Porto há 15 mil edifícios a cair. Do total de 55 350 edifícios existentes em Lisboa, (8%) estão abandonados e 7 700 ameaçam ruir.
O congelamento das rendas, decretado no Estado Novo e mantido pela jovem democracia, teve o efeito perverso de ser o pai de uma explosão desordenada.
Favorecidas pelo forte aumento do poder de compra, democratização do automóvel e multiplicação de vias rápidas, as periferias das grandes cidades esvaziaram os centros urbanos tradicionais.
A desertificação dos centros cívicos e os movimentos centrífugos dos que têm de ser contrariados por um esforço de ressurgimento dos centros históricos.
Agora é preciso parar de construir e passar a reabilitar.
Nuno Costa, em 01/03/2012

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Benfica vê a Luz

                
A época que agora se abre não é qualquer e estar na Liga dos Campeões pode ser a diferença entre estar exposto apenas às receitas de um Portugal emagrecido ou disputando os milhões de uma Europa que roda a outra velocidade.
Houve um tempo em que havia jogos do Benfica - do Resto do Mundo. Agora o Benfica é ele próprio uma espécie de Resto do Mundo.
É uma banalidade dizer que a Liga dos Campeões dá milhões. Mas este ano essa possibilidade é mais importante do que nunca.
Sabia que cada milhão ganho na Liga dos Campeões reduz o défice externo.
28/02/2012

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O futebol não salva

                   
Perante uma crise de autoestima dos portugueses, não falta quem procura nesgas de esperanças. Nos países menos ricos, como o nosso, o futebol tem feito mais mal do que bem à economia.
Sim, poderia até dizer alguma coisa sobre o seu temperamento: futebol mais espetacular, mais calculista, mais físico. Com a globalização do negócio são muitas vezes treinadores e jogadores estrangeiros que imprimem um tipo de jogo. Mas também não provam nada sobre as capacidades de um povo. Basta olhar para o estado político e económico do país e para o extraordinário ano que o futebol nacional viveu para perceber que não há qualquer relação entre as duas coisas. O que diz alguma coisa sobre o país é o número de praticantes amadores das várias modalidades. E aí Portugal está longe de ser um exemplo. E a crise irá piorar ainda mais a situação.
A verdade é esta: o futebol, como espetáculo, é apenas um divertimento. E é por isso que a nossa relação com ele é tão irracional. Não prova nada, não prestigia nenhum país, não serve de modelo para nada.
27/02/2012

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Esta política mata a economia

             
Com esta política o País será inevitavelmente conduzido à ruína e à miséria social.
Menos rendimentos para os trabalhadores e reformados.
Aumento dos preços dos bens e serviços essenciais. Mais lucros para a Banca e grupos económicos. Roubo do subsídio de Natal.
Mais privatizações e encerramento de serviços públicos.
Sublinhe-se que o número actual dos desempregados ultrapassa todos os registos históricos. Com o aumento do desemprego, a pobreza, a miséria e a fome alastram em Portugal.
Mas os apoios sociais aos mais desfavorecidos ainda continuam a ser reduzidos.
O fosso entre os pobres e os ricos em Portugal é o maior da União Europeia. Os 160 portugueses mais ricos aumentaram a sua fortuna cerca de (33%). Enquanto a grande parte dos trabalhadores viu os seus salários congelados ou com actualizações mínimas.
O que exige uma política patriótica e de esquerda que faça frente às injustiças e ao declínio nacional.
Nuno Costa, em 24/02/2012

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Combustível caro penaliza tráfego

                  
Os combustíveis vão reflectir a alta dos preços registada nos mercados internacionais, pelo a gasolina deverá atingir 1,61 euros por litro e o gasóleo 1,42 euros. Um aumento que confirma a tendência dos últimos três trimestres.
O aumento dos combustíveis, a introdução de portagens nas ex-Scut e as dificuldades que cada vez mais os portugueses enfrentam e estão a reflectir-se no tráfego diário das auto-estradas, que chegaram a perder veículos.
Mas os valores atingidos nos mercados internacionais apontam para um aumento da ordem dos 3 cêntimos face à semana anterior. O gasóleo subiu (15,7%) e a gasolina cerca de (7%).
Já as 26 auto-estradas nacionais têm vindo a perder tráfego. A maioria das auto-estradas terá continuado a perder tráfego diariamente.
Com efeito, no último trimestre do ano passado, com excepção da A1, A16 e A24, todas as outras auto-estradas perderam veículos.
Nuno Costa, em 23/02/2012

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Estado demora a saldar as dívidas

                                      
A pesar a troika exigir que o Estado não demore mais a pagar as dívidas aos fornecedores, o Estado continua a figurar no papel de mau pagador.
Aliás, quando comparado com o número de dias que demoravam a pagar, a maioria (22) viu o prazo de pagamento alargar-se.
No topo da lista esá o Centro Hospitalar do Oeste Norte, que demora mais de um ano a pagar aos fornecedores (387 dias).
Aliás, é o sector da Saúde que demora mais tempo a pagar já que, a lista das entidades que excedem os 90 dias de prazo médio.
No segundo lugar, surge o Subsistema de Saúde da Justiça, cujo o prazo médio de pagamento atingiu os 331 dias. Além destas duas áreas, a Defesa agrega quatro organismos a resvalar nos prazos, entre os quais o Instituto de Acção Social das Forças Armadas. A Administração Interna também vê as suas entidades de maior relevo na lista de piores pagadores: a GNR e a PSP.
Nuno Costa, em 22/02/2012

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Sim, o aborto continua a merecer discussão

                                         
Numa coisa as pessoas que continuam a lutar pela revogação da lei que permite o aborto até à dez semanas de gravidez têm toda a razão: o assunto é tratado no espaço público como um facto consumado - a pátria conseguiu uma alegada conquista civilizacional, está feito, e não se fala mais nisso.
Mas a verdade é que se nós fôssemos um país menos dado a paixões assolapadas e mais realista, justo e ponderado, teríamos há muito percebido que a nova lei tem falhas e injustiças gritantes, que ultrapassam em muito a questão de saber se um embrião é vida ou não é vida.
Faz sentido que uma mulher quando está de baixo médica receba (65%) do ordenado e quando está de baixa médica por ter realizado um aborto receba (100%)?
À boa portuguesa, passou-se do oito ao oitenta. Antigamente admitia-se prender as mulheres. Agora, estende-se uma passadeira vermelha até ao bloco operatório. Trocou-se um absurdo por outro.
Nuno Costa, em 21/02/2012

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Penitencie-se o povo!

                   
Oh trabalhadores e povo deste país, afastai-vos dessa ousadia pecaminosa de querer direitos sociais universais e solidários, de ter trabalho com direitos e uma remuneração digna.
Não sonheis com igualdade e equidade, ou justa repartição da riqueza, submetei-vos humildemente e não faltarão almas caridosas para tratar os vossos problemas!
O enriquecimento desmedido de alguns foi a causa do primeiro do agravamento do défice e da dívida externa. Como todos sabemos, o imposto extraordinário estruturado sem respeitar o princípio da progressividade recai sobre os rendimentos englobados para os efeitos de IRS, deixando isentados - de forma injusta e contra os princípios constitucionais - o fundamental dos lucros e dividendos, aqueles se apropriam da maior parte da riqueza não fazem sacrifício. As pensões não foram actualizadas este ano, se o Salário Mínimo Nacional não for actualizado para os 500 euros, isso significa que cada trabalhador por ele abrangido receberá menos de 210 euros, assim perderá (3%) do seu salário.
Despertemos e mobilizemo-nos contra tais mudanças e apresentemos as mudanças necessárias, suportadas por um intenso combate idealógico e forte luta social e política.
Nuno Costa, em 20/02/2012

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O único país que temos

                     
Vivemos um tempo difícil, em que as incertezas internacionais e os nossos vícios se combinam de forma explosiva. É tal crise que já temos saudades dos dias em que se dizia que o país estava de tanga.
E, enquanto o cidadão acreditar que ele tem como missão a redistribuição da riqueza, e não compreender que é um filtro entupido, que retém muito mais do que aquilo que consegue repartir, esse Estado e a sua nomenclatura continuarão a reinar sobre todos nós. A equação é simples porque, para cada Euro que lhe falte para as suas funções, extorquir-nos-á três, desperdiçará a metade da receita em folestrias, e devolver-nos-á meio.
O problema é que está tudo contaminado pelas cumplicidades, dessa teia cada vez mais alargada, em que afogamos os nossos pecadilhos. Na verdade, o único e estreito caminho que ainda resta, se quisermos preservar alguns dos direitos que ainda estão ameaçados, e que pouco interessa se estão contidos na Constituição que nunca resistirá à falência do país, é encontrar um pacto social de longo prazo, em que os direitos não correspondem a deveres, e em que a única coisa que é adquirida é a obrigação de fazermos todos o melhor pelo país.
Nuno Costa, 17/02/2012

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Capitalismo ultraliberal

                     
O capitalismo ultraliberal está a destruir um pouco que resta das sociedades solidárias na Europa e no Mundo, pelo imposição brutal do poder económico sobre o poder político. Uma política anticivilização e anti-humana construiu este sistema alicerçado no egoísmo, no individualismo exacerbado e na agravada ganância.
A relação ambiciosa sem medida com o poder e com o lucro atira as pessoas para o lixo.
Nuno Costa, em 16/02/2012

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Políticos são a farinha do mesmo saco

                  
Muitas injustiças deste governo vai praticar...
Vai retirar (50%) do subsídio de Natal a milhares de famílias em que só trabalha um membro da casa, tendo de sustentar as rendas de casa, alimentação e educação dos filhos... Não vai pôr a pagar os padres, jogadores de futebol e outros que escondem do Fisco... Os grandes lucros vão continuar a ser para os mesmos - veja-se já a movimentação dos mesmos a defender os seus milhões... Uns vão ganhar milhões, outros vão pedir tostões... A lógica, segundo a qual se todos ajudam nada custa, já está a ficar fora de questão pelos políticos portugueses. É caso para dizer que os políticas são tudos a farinha do mesmo saco.
Nuno Costa, em 15/02/2012

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Democracia de grupos

                          
Dizer que é o povo que escolhe o Governo em Portugal é uma treta. Os portugueses escolhem apenas o primeiro-ministro e não mais. Depois dão-lhe carta branca para convidar para ministro quem ele entender, fiando-se apenas nas suas promessas de intenções. Aqui, a suposta maior garantia que foi dada até ao momento é a de que o ministro das finanças será um independente.
Sair de grandes empresas que fazem negócios com o Estado, onde se ganha por mês muito dinheiro e ir para o Governo a ganhar pouco?
Por isso, há nomes que não podem sequer ser candidatos ao Governo.
Nuno Costa, em 14/02/2012

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Reforma falhada

 Um caso de polícia que destapou o real fracasso da reforma da acção executiva da cobrança das dívidas.
Milhões de processos parados, uma quantia indeterminada de vários milhares de milhões de euros de dívidas a empresas e particulares por cobrar, apenas 12 dos mil solicitadores de execução autorizados concentram quase 300 mil processos. Não podia haver um retrato mais trágico daquilo que é uma reforma decidida politicamente, que atravessou vários governos e que só empurrou o País ainda mais para as profundezas da crise.
Uma vergonha e um crime!
Nuno Costa,em 13/02/2012

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Punição exemplar

         
Desta vez, não se trata apenas de avaliar um governo que governou mal, teve políticas erradas e que não tem obra para apresentar.
É julgar um governo que nos deixou à beira da bancarrota, que lançou ao País na maior crise social e que levou a política a uma degradação nunca vista.
Não fossem os 78 mil milhões de euros de ajuda externa e Portugal estaria agora a entrar em bancarrota. Sem dinheiro para salários e pensões. Sem meios para solver os seus compromissos.
O vexame voltou agora através da governação de José Sócrates.
Um primeiro-ministro que prometeu 150 mil empregos e deixa-nos agora mergulhados na maior crise social de sempre - 700 mil desempregados, famílias inteiras sem emprego, jovens sem oportunidades, idosos sem dinheiro para medicamentos, uma parte da classe média atirada para uma pobreza envergonhada. Agora, nem uma palavra de solidariedade para quem caiu no drama do desemprego.
A esta falência financeira, económica e social somou-se uma degradação política nunca vista. Não foi só o abuso da propaganda, da publicidade enganosa e da chantagem.
Foram a mentira e a aldrabice transformadas em instrumentos de acção política. Foge dela como o diabo da cruz.
O que merece mesmo é uma punição exemplar.
Para acabar com este desastre e terminar com este pesadelo. Para reabilitar a imagem do País. Em política, não pode valer tudo. O País precisa de quem o sirva com seriedade. Não de quem dele se sirva sem regras nem escrúpulos.
Nuno Costa, em 10/02/2012

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O País ao espelho

                    
Parece que não há nada para nos afligir a não ser nós próprios.
É ocasião de nos olharmos ao espelho e nos queixarmos dos outros. E pensar no que podemos fazer para resolver os problemas.
Os erros cometidos numa sociedade passam facturas a todos, atingindo os que estão mais expostos às cobranças. Não saber fazer contas não salva nonguém. O Estado gastou demais. A economia produziu pouco. O Governo tem as suas tarefas, mas é dos empresários e investidores, trabalhadores, cientistas, criativos que se espera mais produtividade, maior competitividade e resultados económicos que permitam libertar o País do sufoco das dívidas.
Ninguém com problemas de dívidas só pensa no Euro milhões para os resolver.
Perdemos tempo e aumentamos frustrações.
Nuno Costa, em 09/02/2012

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

É a partir do estrume que nascem flores

                 
Portugal foi considerado abaixo de cão no diz respeito à nossa dívida e além-mar, e recebeu ardem de despejo do edifício que fragilmente ocupava e onde só estão os países com alguma saúde económia e financeira, e mandado para o contentor do lixo que se encontra na cave, por onde depositam e só circulam ossos e ratazanas esfomeadas. A escuridão do local para onde nos atiraram não é ideal para se ver melhor o buraco e as contas em que nos meteram governos sucessivos e permissivos a companhias corruptas, mas que os mais atentos ou mais cépticos previam. E o pior de tudo é que nessa cave proliferam teias aracnídicas, do género das agências que nos catalogam de lixo a caminho de estrume. Aqui pode estar a reviravolta ou a solução do nosso problema. Se tivermos a ousadia, a capacidade e sabedoria para com ele adubarmos bem a pouca terra que ainda nos pertence, podemos surpreender o resto do Mundo que nos aflige.
Nuno Costa, em 08/02/2012

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Temos de denuciar casos de injustiça

                   
A crise para muitos vai ser dura, ou mesmo insustentável, mas para outros não passará de uma mera e simples palavra. Os poderosos, políticos incluídos, sabem e têm os meios indispensáveis para empurrar a crise para os outros, mas todos temos de estar atentos e denunciar todas as situações de injustiça gritante, por parte dos que têm voz, notoriedade e palco para o fazerem.
Ainda há tempos, o senhor cardeal disse que todos deveriam colaborar para que o plano da troika fosse executado, mas não apelou, expressamente, aos ricos e poderosos para aliviarem os pobres nesta situação terrível e não lhes tornarem a vida num inferno ainda maior.
Nuno Costa, em 07/02/2012

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A vida e a bolsa em risco quando se falha medicação

                        
Preço dos medicamentos, complexidade para quem toma vários e a diferentes horas, medo de efeitos adversos.
Com a longevidade a aumentar, cresce também o número de doentes crónicos dependentes de medicação múltipla. Tudo se complica, desde o custo aos horários de toma. O problema é mais acentuado nos doentes com fraca escolaridade e fracos recursos.
Os custos indirectos com perda de dias de trabalho e reforma precoce também não são de menosprezar.
As complicações decorrentes do controlo deficiente da doença custam quatro vezes mais do que os medicamentos. A despesa com fármacos é a terceira componente dos custos com a saúde. Milhares de milhões de euros poderiam ser poupados.
Nuno Costa, em 06/02/2012

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A mentira admitida

                          
Compete à Liga de Clubes fiscalizar se os clubes cumprem os pressupostos financeiros que permitem a inscrição nas provas profissionais do futebol. O que passa por não ter dívidas fiscais, à Segurança Social e também não ter salários em atraso.
Mesmo que não tenham, mas lhes expliquem que a melhor maneira de ter esperança de virem a receber o que lhes é devido é mesmo assinar o papelinho. A Liga está-se borrifando para a verdade e lava as mãos perante esta vigarice, que distorce os princípios mais elementares da concorrência leal. É mesmo que seja mentira pegada.
Lá mais para o final da temporada, lá se voltará a ouvir falar em salários em atraso nos clubes como do costume e com os dirigentes do costume, mas no início da época não voltará a estar em ordem. Uma das palhaçadas, admitida pela Liga. Que bom que era que o futebol fosse mesmo levado a sério.
03/02/2012

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O balneário do Benfica

               
O futebol é cultura porque a ele corresponde a uma forma de ser e estar; identifica um estilo e uma sensibilidade; é gerador de orgulho e fio condutor de histórias centenárias.
A mística, tal como a conhecemos, é cada vez mais uma quimera; o balneário, como elo de ligação a sentimentos duradouros e a passados de grandes conquistas.
Quando a bola começar a saltar, todos coincidirão na defesa do símbolo que trazem ao peito, despertando as cumplicidades que o jogo cria.
A unir esses jogadores estão orgulho, ambição e qualidade técnica por vezes acima da média.
Mas, mesmo oferecendo talento e suor, os vínculos que os unem à camisola são muito mais voláteis.
Com um balneário sem dono, só Jorge Jesus pode equilibrar o abalo à mística. Tem pela frente desafio à dimensão do excelente treinador que é.
Jorge Jesus tem mais talento para conceber e construir edifícios de raiz do que para gerir condomínios com vida própria; é um treinador mais próximo da descoberta do que propriamente da gestão; está mais à vontade a operacionalizar uma ideia a partir do zero do que em alimentá-la e aperfeiçoa-la pelo tempo fora. Formar uma grande equipa e ganhar está, mais do que nunca, nas mãos de Jorge Jesus.
02/02/2012

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O lixo e o luxo

            
Há qualquer coisa de bizarro no mercado de transferências do futebol português, versão 2011/2012.
Enquanto o país passa por uma grave crise financeira e corta nas despesas e nos apoios e vai perdendo empregos e subsídios de Natal, os clubes continuam a viver na soberba de gastar o que só aparentemente têm e investem milhões a renovar equipas. Enquanto Portugal cai no lixo, o futebol vive no luxo. Eis um exemplo do verdadeiro universo paralelo.
Ao contrário do que possa parecer, não há aqui qualquer crítica a esta opção económica do futebol português. E nada pode haver de mal nos valores milionários canalizados para a compra e venda de futebolistas, desde que haja retorno financeiro e que o negócio pague imposto, como acontece na vida de qualquer outra empresa. A questão é saber até quando os clubes vão aguentar os elevados juros a pagar à banca e, até quando vão ter crédito para manter o atual.
E viver com um passivo acumulado - entre o FC Porto, Benfica e Sporting - de mais de 700 mil milhões de euros, que devia merecer cautelas extra no atual e dranático contexto económico português.
A pesar da crise e dos sinais de alerta, certo é que os clubes nacionais possuem grande capacidade de gerar receitas, ao contrário da maioria das empresas do país.
O Benfica e Sporting têm de justificar aos seus apoiantes o atraso desportivo para o rival do Norte. Este ano, a solução de ambos tem sido contratar, com as águias numa posição mais confortável, por conta de uma possível participação na Liga dos Campeões e das elevadas receitas que a mesma pode gerar.
O futuro dirá se a aposta deu resultado. É que, em caso de desaire, o rating financeiro destes clubes pode descer tanto quanto o do resto do país.
01/02/2012