sexta-feira, 27 de junho de 2014

Tacuara versus Cha Cha Cha

                 
                                          CARDOZO AND JACKSON
Tal como o corredor depende do cronómetro e o saltador não engana a fita métrica, o avançado-centro jamais terá sossego ao galo. O golo é suscetível de criar heróis num dia bom ou mártires para toda a vida num dia mau.
Óscar Cardozo é um caso cada vez mais raro no futebol moderno, resiste à inatividade manter a concentração em níveis mais altos; por ser um predador e nunca deixa levar pela tensão do momento; observa e procura o instante de intervir.
Jackson Martinez não é uma peça solta da engrenagem. Marca como um especialista e ainda participa na construção do jogo como se fosse um operário; tem todos os sentidos orientados para a baliza e dá-se ao luxo de rejeitar o egoísmo.
Tacuara assemelha-se a um cavalheiro da alta nobreza em terra de predadores, Cha Cha Cha é um pragmático implacável, ainda mais perigoso e temível do que as feras à sua volta; um transmite a imagem de homem inofensivo, gentil e bem-educado, sem beliscar a pontaria infalível, o outro é ágil, implacável e solidário, sem perder de vista a baliza adversária. Em causa está a diferença entre requinte e suor; especificidade e abrangência; frieza e emoção. Ambos têm soluções personalizadas para cada problema e representam formas antagónicas no modo como satisfazem as mesmas exigências do jogo, cumprem o mesmo requisito do golo e são intérpretes sublimes do mesmo espetáculo do futebol. Estão condenados a ser figuras do grande clássico.  

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