quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Do que é que as pessoas têm mais receio?

                                       
O que é que nos mete medo?
A guerra, as doenças, o terrorismo, a poluição, os acidentes, os nitrofuramos, os sismos?... Até parece que as ameaças aumentam e se concretizam ao virar de cada esquina.
Não vivemos num mundo maravilhoso - a pneumonia atípica está aí para provar novas ameaças espreitam - mas a qualidade de vida aumentou.
Afinal, do que é que temos medo?
Mas diante de uma prateleira de carne tememos que esteja contaminada com BSE ou o frango repleto de nitrofuranos e não hesitamos em bani-los do prato se as manchetes se trouxerem à luz do dia que desconhecíamos.
Em segundo, sentimos um temor acrescido pelos riscos invisíveis.
Normalmente, a este tipo de fenómenos desconhecidos e invisíveis, associa-se a incerteza científica.
Ao contrário, aquilo que está cientificamente assente como perigoso, nocivo ou fatal, tende a ser desvalorizado. As campanhas contra o tabaco, de segurança rodoviária, ou de prevenção contra as doenças cardiovasculares passam muitas vezes despercebidas ou são ignoradas.
Entre os receios desadequados à realidade e a desvalorização é de facto um risco, o certo é que continuamos a viver.
Nuno Costa, em 29/09/2011

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A geração traída

                                       
Em plena crise, numa jangada que mete água por todos os lados, inseguros e aflitos, que podemos querer? Com certeza, alguém que resgata um país desorientado pessimamente orientado. Sem dúvida, precisamos de quem rejeita o sistema que distribuiu pseudo-cursos, pseudotítulos, estatísticas, sacrificou a qualidade à quantidade, interessado apenas no que servisse os seus interesses mercantis. Sem dúvida, urge uma nova geração ainda impoluta - ainda não anquilosada ou castrada do espírito.
Bem se queixará de a termos ignorado a juventude em que esperamos. A juventude que consciencializa, diante do espectro do não - futuro, o crime perpetrado por nós: o estrangulamento sistemático dos sonhos juvenis.
O que resultará desse imbróglio que é necessitar o nosso futuro de uma juventude que traímos e a qual escamoteámos o direito ao... futuro?
Nuno Costa, em 09/26/2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Vamos pagar imenso até 2013... e depois ainda mais

                            
Em média, o Estado português vai endividar-se a um ritmo diário de 30 milhões de euros até ao final de 2013.
O PEC já tinha cortado ao endividamento previsto os 22 mil milhões de euros, com as novas medidas, soma assim os 26,8 mil milhões de euros.
Nesta altura, à parte da questão da sustentabilidade da dívida propriamente dita, há um problema de financiamento que agravou as taxas de juro da dívida pública na zona euro e que ainda está longe de ser ultrapassado. E com o mercado assim, os encargos do Estado disparam sempre que fazem novas emissões da dívida para financiar os défices ou para pagar títulos que chegam à maturidade.
E as consequências estendem-se a toda a economia, a começar nos bancos, têm a função de financiar a economia e que estão a ter cada vez mais dificuldades em aceder ao crédito. O mercado monetário quase secou - os bancos não queriam emprestar uns aos outros, preferindo fazer os depósitos a uma taxa de apenas (0,25%) junto do BCE - e o sentimento é que se vive no fio da navalha.
Mas os agentes económicos têm a sua própria psicologia - nem sempre racional - que não se consegue prever totalmente. E os 44,2 mil milhões de euros assustam muito.
Nuno Costa, em 13/09/2011

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Um País ao contrário

                                         
José Sócrates encontrou pelo caminho na sua campanha Pedro Passos Coelho para dançar um tango... mas o par de ocasião não parece ter a coreografia suficientemente afinada para levar o bom termo das reformas para o país, e não proactivamente, está a empreender.
Como expectante está o país sobre a capacidade deste par continuar a trabalhar em conjunto, preocupando-se mais com a qualidade da coreografia da nossa economia as ambições ou as linhas políticas divergentes, aparentemente, ambos professam.
Esta aliança, é a prova de que vivemos num país ao contrário. Um país onde o líder da oposição não concordando com as medidas de austeridade impostas, não hesita em a valiar...
Será que o rei vai nu e nem o líder do PS nem o do PSD não têm ideias diferentes para acertar o passo de Portugal com as exigências de Bruxelas?
As liberdades individuais e a igualdade constroem-se ora esbatendo ora derrubando os velho dogmas.
Nuno Costa, em 12/09/2011

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O labirinto de Sócrates

                                         
O mundo ainda não mudou, mas José Sócrates continua na mesma igual. Se não fosse a crise internacional, Portugal continuaria a gastar alegremente o que não tem, para os socialismo indígena.
Tudo o que José Sócrates fez uma reacção de maldades dos outros e aos aborrecimentos que nos vêm do exterior. Ele e nós somos umas vítimas da gente má e invejosa do nosso estilo de vida, produzir mais e gastar menos.
É com este quadro mental que José Sócrates chega sempre atrasado à realidade. Chegou atrasado à crise internacional, quando ela já era uma evidência.
Esconde a realidade, mas passa o tempo a tropeçar nela. Comporta-se como um ilusionista, cujo único objectivo é maravilhar o auditório com o seu próprio desempenho pessoal.
Neste mundo maravilhoso de José Sócrates é possível de afirmar que Portugal não será campeão do crescimento na Europa e a tomar as piores medidas de auteridade da democracia portuguesa, anunciar obras agora e adiá-las no dia seguinte, negar o aumento dos impostos e aumentá-los duas vezes no espaço de semanas, falar da diminuição da despesa mas nada fazer para a concretizar a sério e de forma sustentada.
O mundo de José Sócrates está transformada num labirinto nunca mais sair de lá.
Um labirinto de retórica, de realidade virtual, de mentiras e de contradições. Um labirinto que ele próprio construiu como defesa e escape das responsabilidades que lhe cabem na situação a que o país chegou. Um labirinto de que já não consegue sair, como a evidência dos factos que está a mostrar.
O problema é que o labirinto de José Sócrates é também o nosso. Estamos prisioneiros da ilusão. A realidade está lá fora e é mesmo assustadora.
Nuno Costa, em 09/09/2011

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O sermão do bom ladrão


                                
A incontrolável do sector empresarial do Estado tem sido uma fonte de corrupção e miséria.
A armada agora será o sector empresarial do Estado guiado pelo lema do sorvedouro dos dinheiros públicos.
Há 14.000 entidades, 900 fundações, 1000 empresas do Estado central do local com duplicação de funções, das despesas e desperdícios absurdos alimentadas por dinheiros públicos e tuteladas pelo Governo. Funcionam em regime de um apagão orçamental.
Os encargos assumidos nestes contratos entre o sector público e os consórcios das empresas privadas nas infraestruturas rodoviárias, ferroviárias e da saúde não correspondiam, a cerca de 50 mil milhões de euros. Os vultuosos encargos da REFER e as Estradas de Portugal também eram sujeitos a prestação de contas.
A protecção do concessionário privado tornou-se normalmente ruinosa para o Estado.
Há outro mistério é o fenómeno da derrapagem nas obras públicas.
É o campo de alto risco das decisões dos mercados públicos, obras, empreitadas, subsídios. Neste húmus de má práticas foi como se o Estado entregasse a chave do galinheiro à raposa.
As crónicas de má gestão dos dinheiros públicos aliada ao concubinato entre certas empresas e o Estado destruíram a economia e a capacidade. Foi o resvalar da incompetência e do desleixo e formas de corrupção sistémica com o descontrolado endividamento público.
O resultado está à vista: empobrecimento do país, enriquecimento ilícito e imoralidade pública.
Nuno Costa, em 06/09/2011

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Vem aí o lobo mau!

                                              
A estratégia que foi de Sócrates se baseia numa ideia simples: estamos numa guerra terrível! De um lado, os defensores do Estado social; do outro, os deus exterminadores. A narrativa simplista, destrói-se com a memória.
PS e PSD nunca representaram modelos antagónicos ou nem sequer os divergente de sociedade, e Portugal, ao contrário do que se diz, não há o que se possa chamar neoliberais.
Somos mais do que nunca uma sociedade em crise, fragmentada, descrente, que assistiu a demasiadas faltas de vergonha. Os pensionistas, trabalhadores, pequenos empresários e agricultores veem-se obrigados a ter de pagar o dinheiro que o Governo desperdiçou.
Mas não foi com os pensionistas ou trabalhadores que houve derrapagens e se cometeram excessos. Foram, sim, estradas inúteis, projetos inúteis, consultadorias inúteis, propaganda inútil e boys inúteis que deram cabo do país.
Além das inúmeras promiscuidades - com banqueiros, especuladores, diversos, empresas do regime, ditadorzecos vários, etc. -, que em nada contribuíram para o louvado Estado social e apenas minaram a coesão do país.
Por muito que agitem os fantasmas do neoliberalismo, o que realmente aprovora é o apego ao poder de quem nada aprendeu com a crise; de todos acusa e se diz vítima inocente após seis anos em que governou como quis.
Por mim, bem podem gritar vêm aí os lobos.
Lobos foram eles.
Nuno Costa, em 05/09/2011

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Muito à frente e muito atrás

                                
É caso que nos deixa perplexos e sem saber como classificar, o grau de aldrabice no futebol português. Estaremos muito atrasados ou fabulosamente adiantados em relação à aldrabice internacional.
Enquanto a FIFA so se preocupa com a batotice na net, em Portugal ainda há quem se preocupa com aparentes memoridades.
Ligou imediatamente à Polícia e, seguindo as instruções da autoridade, deu os passos necessários de modo que foi surpreendido em flagrante com um envelope recheado de notas previamente marcadas.
Mais uma cabaladirão os sorridentes.
Os velhos hábitos demoram a morrer, dirão os complacentes.
Mas há muitas outras coisas que podem dizer a propósito deste caso.
Ora, não havendo escutas telefónicas, que, certamente, estariam feridas de ilegalidade, pode ser que a investigação produza bons resultados para a moralização do sector.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Duas coisas do futuro


                        
Os portugueses estão a viver uma situação económica e financeira muito difícil. As aflições dos mais carenciados, dos desempregados e dos jovens à rasca constituem um desafio que só poderá vencer com a determinação de mudar.
Após uma década perdida, sem crescimento económico e um brutal aumento de todos os problemas, com muitas decisões estrambólicas, a mudança exige duas coisas sobre as quais vale a pena reflectir.
Sem elas, e mesmo que custem algumas dificuldades agravadas, não há mudança nem futuro. Portugal necessita de uma economia mais competitiva e de maior produtividade e isso não se faz massacrando seja quem for, mas com melhores condições de trabalho e de prodoção. A iniciativa empresarial não avalia em contactos partidários mas em capacidade de entender o Mundo, de iniciativa, de inovação, de criar uma riqueza à custa de exportar e substituir importações. Abaixo a burocracia, a corrupção associada e os impostos cobrados para malharatar.
Acima da liberdade da iniciativa, a justiça social e a equidade distributiva dos bens comuns.
Nuno Costa, em 01/09/2011