Há cada vez mais arrumadores de carros em Portugal. Não encontram emprego e criaram hábitos de trabalho de aparcar carros para pagar as suas contas no fim do mês. Há muitos tiram bem mais do que o ordenado mínimo.
Ainda persiste o arrumador toxicodependente que mal tem dinheiro para mais umas doses e arranca a alta velocidade para o fornecedor. Além disso, aparecem cada vez mais arrumadores sem qualquer problemas de dependências.
São pessoas de meia idade, tinham uma vida estável, foram abalados pelo desemprego. Perderam os subsídios ou não chegam para pagar as contas no final do mês. Os cidadãos encontram na rua, a estacionar carros, um meio para conseguirem viver com alguma dignidade.
Para alguns serve apenas para ganhar uns trocos para tabaco e café, para outros é encarado como uma verdadeiro profissão que pode render bem mais do que um ordenado mínimo. Num dia bom pode chegar aos 40 euros e num dia mau pode chegar aos 20 euros. E estão livres de impostos.
Para os arrumadores não é uma tarefa fácil. Não é só chegar e faturar. É como qualquer trabalho exige esforço, dedicação e jeito. Chegam de manhã e saiam ao fim do dia. Muitas vezes fazem jornadas de 12 horas, a grande parte cumprem um horário entre as 8 horas e as 10 horas diárias, com direito a intervalo para almoçar num restaurante mais próximo para não passarem fome.
Alguns são paraquedistas, vindos de fora, até conseguem umas moedinhas, com alguma intimidação. Os arrumadores são de local fixo e presença regular, com maior simpatia, fazem o maior apuro. Os que trabalham bem até permitem folgar ao fim de semana ou nos dias de menor movimento.
É bom referir que nem todos têm estômago para a tarefa. Os maus-tratos físicos e verbais são frequentes, há violência para tentar ocupar os melhores locais. É muito frequente encontrar alianças para afastar os invasores.
Quando cai a noite, surge um outro mercado, com novos locais e arrumadores com um conjunto de regras.
Nuno Costa, Lamego
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