terça-feira, 26 de março de 2013

A justiça de casino

                 
Os tribunais portugueses estão transformados numas autênticas mesas de póquer onde só podem sentar os ricos, que têm dinheiro para apostar e ir ao jogo, e os pobres jogam de graça e quem joga de graça, pode cobrir todas as paradas.
Neste sentido, podemos dizer que existe, uma justiça para os ricos e uma justiça para os pobres. Só não existe mesmo é uma justiça para aqueles desgraçados, com os seus impostos, sustentam toda a máquina judicial e legislativa.
Com efeito, se uma pessoa da classe média quiser ir ao jogo com um pobre, sai de lá despenada. Para litigar com um pobre, saliente-se, uma pessoa da classe média tem de pagar tudo, direta e indiretamente: pagar os advogados, as taxas e as custas das duas partes e ainda paga os vencimentos dos juízes, dos procuradores e dos funcionários judiciais, o edifício do tribunal e o mobiliário. Além disso, o pobre, porque joga de graça, abre logo as hostilidades fixando o valor da ação numa brutalidade, o que obriga o desgraçado da classe média, que tem de pagar tudo, a ter de começar logo a contar os trocos.
Em boa verdade, para a justiça portuguesa, a classe média só serve mesmo para vítima. É roubada pelos ladrões, pelos deputados, pelos ministros e, se por acaso num acesso de loucura, se quiser recorrer aos tribunais na procura de justiça, ainda é roubada pelos tribunais.
Para a senhora ministra da Justiça, cujo o vencimento é pago pela classe média, o seu grande objetivo é a ressocialização do ladrão, em regra, assaltou uma pessoa da classe média. E com que dinheiro pensa a senhora ministra ressocializá-lo? Com o dinheiro da classe média. Mas a pessoa da classe média que foi assaltada pelo ladrão que vai ser ressocializado pela senhora ministra da Justiça não tem sequer o direito a reaver o que lhe roubaram. Não, a ressocialização do ladrão não passa por indemnizar a quem roubou. Quanto a esse aspeto, a opinião dos ladrões e dos políticos é coincidente: a classe média portuguesa só serve mesmo para ser roubada.
Que raio de país é este em que os que pagam a justiça são precisamente aqueles que não têm direito a ela!...
Nuno Costa, Lamego

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