A forma como o primeiro-ministro comprometeu com o futuro de Portugal sem consultar o presidente da República, os partidos da Oposição e os parceiros sociais. Reconheço, todavia, engenho ao primeiro-ministro e seus conselheiros. Politicamente, era difícil ter estalado o PSD e o próprio Cavaco Silva.
E eis que chegamos a este ponto: o primeiro-ministro já comunicou aos parceiros europeus qual será a estratégia de contenção portuguesa nos próximos tempos, mas pode correr o sério risco de ver abortada essa intenção, se o país, como aparenta, se precipitar para uma críse generalizada.
A política de erguia do Governo é tão mais escorregadia quanto se percebe que quer fazer reverter o ónus do pântano para o PSD, de Passos Coelho, e para o próprio Cavaco Silva. Ninguém quer ser o pai da criança. Ninguém quer ficar associado à ideia de voltar a chamar o povo às urnas, ninguém quer ser o coveiro.
Mas, por outro lado, este é o momento errado para tenaz José Sócrates ir às urnas, enquanto ainda vai tendo capacidade para respirar fora de água, enquanto o próprio PS ainda vai segurando com uma bóia de salvação no mar revolto.
O casamento entre o PS e o PSD foi um casamento de conveniência. O casal não andou de mão dadas, pese embora a coincidência de algumas atitudes, e vive confrontado, do novo, com essa fatalidade chamada atracção natural.
O país, já está conformado: vai ser ele a pagar a factura. E se a paz podre é para durar, então que chamaram o FMI. A malta já se habitou à ideia de acrescentar furos ao cinto.
Nuno Costa, em 05/01/2012
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