O primeiro-ministro jurou várias vezes que jamais justificaria a tomada de medidas duras com o peso da realidade herdada.
Trata-se de uma almofada que serve para mostrar à troika a determinação com que o Governo arranca. As contas têm que bater todas certinhas, sob pena de entrarmos num turbilhão.
Do ponto de vista político, teria sido mais prudente mostrar todas as parcelas da factura de uma só vez. Do ponto de vista prático, temos que dar a Passos Coelho o benefício da dúvida: talvez não tenha tido tempo para acertar todos os pormenores de uma medida que mexerá no bolso dos contribuintes.
O esforço brutal exigido aos contribuintes será imoral, caso o Estado não faça a sua parte, cortando gorduras onde elas são evidentes e introduzindo princípios de gestão da coisa pública mais eficazes nos sítios dominados pelo laxismo e pelo carreirismo.
O pior que pode acontecer é que essa pressão lhe roube lucidez. Estamos ainda longe da intolerância social grega, mas, convém lembrar que em casa onde falta pão, todos ralham e ninguém tem razão.
O perigo espreita.
Nuno Costa, em 23/01/2012
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