MANICHE
Nunca aspirou a ser solista, maestro ainda menos, mas ninguém lhe negou a preponderância tremenda nas orquestras de que fez - safa-se no violino mas não se diminui nos ferrinhos, se for preciso, toca bombo mas não se intimida com o piano. Dele se dirá que não foi o mais brilhante em qualquer instrumento a que se dedicou mas também não houve outros músicos tão completos, versáteis e talentosos. A maior virtude de Maniche é a capacidade para coordenar todos os movimentos da equipa, dar-lhe orientação técnica, harmonizar o seu funcionamento e gerir a produção coletiva. Para exercer influência tão esmagadora recorria a diversidade de estilo assombrosa e a um campo de ação que chegava a ser escandaloso: surgia atrás e à frente; na direita, no meio e na esquerda; jogava a um/dois toques e em exercícios solitários; curto e longo; depressa e devagar. Nunca depurou conceitos estéticos mas a eficácia na aproximação à baliza e o acerto das decisões que tomava eram verdadeiramente extraordinários.
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