A espiral regressiva da economia e o desemprego colaram-se à pele do quotidiano, tornaram-se um ato condenável como respirar. Portugal vai-se construindo como um País condenado a resistir, onde as pessoas cada vez consomem menos, onde não há ambição nem confiança para investir. Portugal continua a depender do financiamento externo para subsistir e, para obter esse financiamento, tinha que ficar mais pobre, tem de equilibrar a sua balança externa, tem de ser mais capaz de competir no exterior, tem de acreditar que a crise do euro não vai ser superada. Todos sabemos que esse esforço e essa fé têm um preço da recessão. O problema é que não sabemos ao certo quantos mais trimestres o País pode aguentar com o estoicismo. Nenhum País consegue aguentar indefinidamente esta sensação da morte lenta que se agrava a cada trimestre que passa.
Nuno Costa, Lamego
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