Era uma vez, uma selva onde viviam muitos animais. Todos os dias os animais saíam da densa floresta para ir beber ao calmo lago de água cristalinas situado na orla do cerrado bosque.
Os pequenos animais, das doninhas aos coelhos, dos ratos às ratazanas e suricatas, corriam lestos à procura do melhor local para aí saciarem a sua sede. Quando os animais de grande porte chegavam, toda a bicharada tinham de se afastar para lhes darem lugar.
Quando o estilo quente e seco rapava o espelho de água, depois de saciada a sede dos matulões, o que restava nas minguadas poças do charco mal dava para humedecer a ponta da língua dos pequeninos.
Um grupo de predadores de médio porte, também padecia das mesmas queixas dos pequenos, começou a unir-se, arreganhar a dentuça feroz aos elefantes, girafas e rinocerontes, começou a impor-se, apesar de terem precedência na escala de prioridades face aos minorcas.
Começaram a beber cada vez mais, deixaram cada vez menos para os de grande porte. Para os pequenos, tudo ficava na mesma, umas gotas de água que nem a língua refrescava.
Foi então que a suricata, atacada de tanta maneira que estava farta e nem água tinha para beber, vendo como prosperavam injustamente os ferozes mastins de médio porte, propôs à comunidade a uma votação que impunha a limitação da água a estes imorais predadores. Com o voto dos milhares de pequenos animais aprovou-se a medida, apesar de beberem primeiro, tiveram de limitar a ingestão, passaram a beber menos.
Depois de servidos os predadores, chegou a manada dos animais de grande porte, calmamente, aclamando a positiva ideia da multidão pigmeia, instalou-se e lhes bebeu o que não tinha sido servido pelos mastins.
Nuno Costa, Lamego
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