segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Na mata a apanhar pinhas

                
Há um debate que devemos ter: como resolver o problema dos desempregados de longa duração, como evitar os desempregados presos na ratoeira da inatividade e nas capacidades profissionais. Além de ser uma tragédia pessoal, um desperdício e um custo-económico cada vez mais impactante. O ex-banqueiro acha que devemos mandar os desempregados a trabalhar na mata ou tratar dos idosos e isso não faz mal a ninguém. A forma como se colocam os debates não é irrelevante: o ponto de partida condiciona o ponto de chegada. João Salgueiro arrasa uma série de princípios com esta tirada superficial. Primeiro: mandar pessoas para a mata não valoriza profissionalmente ninguém - é um castigo. Segundo: há pessoas que trabalham na mata, nos campos, tem de ser, cada vez mais profissionalizado. Terceiro: obrigar uma pessoa a apanhar tomates não é um grande incentivo para que seja bem feito. Claro que o Estado podia criar incentivos para as pessoas reciclarem profissionalmente; podia criar incentivos para dedicarem-se a atividades de solidariedade social. Uma coisa é obrigar, mandar as pessoas para os campos de trabalho forçado; outra é realmente criar alternativas para criar riqueza, resolvam as problemas e aumentem as saídas dos desempregados de longa duração, gente que descontou e tem a legítima expectativa de receber o apoio do Estado quando dele precisa.
Nuno Costa, Lamego

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