terça-feira, 30 de abril de 2013

Viver na solidão

                
Os idosos que morrem abandonados em suas casas na mais completa solidão demonstram a verdadeira realidade de uma sociedade que não tem tempo para os seus idosos.
A Segurança Social deveria tomar consciência do número exacto na sua base de dados dos idosos que vivem abandonados e encontrar alternativas, e soluções capazes de dar um final de vida digno aos idosos, porque a solidão mata e a única coisa que estimula a vontade de viver é a esperança.
Nuno Costa, Lamego

segunda-feira, 29 de abril de 2013

A mais imponente das torres de Belém

                         
                                          FELICIANO
Foi a trave mestra de um Belenenses que era potência nacional e uma Seleção apostada em recuperar o terreno perdido. Feliciano tinha um jogo aéreo perfeito porque era alto, forte, sabia utilizar o corpo e dispunha de excelente técnica de cabeceamento. Poderoso na antecipação, adivinhava os lances e, apesar da compleição física, tinha bons reflexos e bom pique nos sprints curtos, sendo esquerdino puro, ia resolvendo as situações à custa de ótimo sentido posicional - para a história ficaram os duelos com Peyroteo.
Longe de ser tecnicista, Feliciano era um espetáculo em campo, um jogador de coragem sem limites, que chocava, saltava, corria, desarmava, ganhava e perdia lances. Por paixão ao futebol e amor ao Belenenses, mas também porque a aventura não fazia parte do código genético.

domingo, 28 de abril de 2013

Por que são tão ignorantes?

                  
Esta imbecil ideia de riscar do mapa os feriados, alegando que isto vai contribuir para o relançamento da nossa economia e o aumento da competitividade das empresas, não passa de uma infindável treta e denota uma inequívoca submissão dos nossos governantes aos anseios desenfreados da ganância do grande capital.
Tudo serve para ir buscar uns trocaditos aos ordenados de quem trabalha. Ninguém prova que isso contribua para a tal retoma. O que se torna mais grave é a ignorância que reverte estas dicisões. As datas respeitadas não existem por acaso. Reflectem a comemoração de dias considerados cruciais para a nossa história. Como tal, devem ser comemorados por aqueles que o querem fazer. O facto de existirem como feriados nunca foi impeditivo de se trabalhar. Tudo depende de um acordo entre aquele que manda e aquele que trabalha. Não entendo por que tinham os dirigentes de se meter nisto!
E porquê estes dias e não outros? Todos ele representam algo na sua adopção. O 25 de Abril, o fim da ditadura, o 1 de Dezembro, o fim do judo espanhol, o 1 de Maio, o Dia do Trabalhador, o 5 de Outubro, o fim da Monarquia. Se não tivessem existido homens que os tornaram importantes, estes políticos de meia tigela, não tinham sido governantes!
Nuno Costa, Lamego

sábado, 27 de abril de 2013

Terras de oportunidades

           
Com a crise a apertar, têm as riquezas do solo e do vento por explorar. São os baldios, terras de oportunidades em tempo de crise.
Os baldios representam pelo menos (15%) de floresta portuguesa e são a origem de bens e serviços de que todos tiramos proveito - da água das nascentes montanhosas à fauna protegida por matos inacessíveis, da resina dos pinhais aos pastos selvagens.
Para muitos, os baldios são terrenos ao abandono ou inúteis à volta de cidades ou no miolo de quarteirões. Na verdade, são territórios comunitários, possuídos e geridos pelos habitantes de aldeias serranas, ainda as freguesias não existam.
Entre lenhas, madeira, resina, pastagens, caça e pesca, plantas medicinais, ornamentais e aromáticas, cogumelos, biodiversidade, regulação do ciclo da água, protecção do solo e retenção de carbono, lazer, recreio e desporto na natureza, energia eólica e rochas, representam muito mais de 80 milhões de euros por ano.
Até aqui, abriam e reparavam caminhos, criavam e mantinham regadios, faziam e conservavam capelas, fontanários, canalizações de água, centros sociais e culturais, satisfazendo as necessidades das populações serranas e substituindo as autarquias.
Com a crisedefende, é possível o regresso dos desempregados urbanos às suas raízes nas aldeias, invertendo o despovoamento, revitalizando o mundo rural e retomando actividades produtivas.
A culpa, é do Estado, que não investe nem deixa de investir na reflorestação de áreas ardidas e cujos os serviços não vendem madeira em verde, mas só a ardida.
Nuno Costa, Lamego

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Presidente da República diz que vive de esmolas...

             
O nosso presidente diz que vive de esmolas... Não ganha para os gastos! O que é preciso é ter lata! Os políticos já não têm respeito por ninguém. Que desplante vir para a comunicação social afirmar que passa tão mal como os restantes portugueses. Isto é uma falta de respeito do Sr. Presidente, Cavaco Silva, ter a lata dizer que recebe tão mal perante dos portugueses. Aqueles que atravessam sérias dificuldades com os cortes que os seus correligionários estão a fazer nos parcos rendimentos de quem trabalha ou é pensionista.
Como vive quem usufrui 150, 250 ou 450 euros e vêm tudo a aumentar? Quem usufrui de tal rendimentos e possui todas as regalias inerentes ao cargo, tal como o Sr. Presidente, e vem insultar os portugueses desta forma, deveria demitir-se imediatamente. Muitos carolar vieram a terreiro defende -lo, mas estas atitudes não têm perdão, pois denotam total indiferença pelos concidadãos...
Nuno Costa, Lamego

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Nova etapa?

                
Os polícias esperam que esta nova etapa não se resuma a uma simples substituição de dirigentes máximos, caso contrário estaremos perante de dificuldades que vão, com toda a certeza, agravar-se.
Será que é desta vez que os polícias colocados no estatuto revogado passam para a nova lei? Será que é desta que a Polícia vai ter um orçamento minimamente de acordo com as necessidades da instituição?
Caso a resolução destas questões não seja garantida, então a apregoada nova etapa não passará de velha.
Nuno Costa, Lamego

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Seca põe cereais e fruta em risco

               
As colheitas de azeitona, trigo, pêra rocha e bolota para o porco preto já estão em perigo devido à falta de chuva. Há zonas em que a situação é de tal forma grave, e já não há água suficiente na barragem para o consumo da população.
Outro dos casos mais complicados é vivido pelos produtores e criadores de gado, onde as culturas de cereais, fruta e legumes estão cada vez mais ameaçadas.
E nem o célebre porco preto alentejano está a ser poupado: em vez da habitual bolota está a comer ração.
Em causa estão porcos pretos, cabras, ovelhas e vacas.
Os agricultores temem mesmo que a situação atinja as proporções da seca, que arrasou milhares de culturas.
A situação está a tornar-se cada vez mais complicada: à seca juntam-se as pragas.
Nuno Costa, Lamego

terça-feira, 23 de abril de 2013

O que é a Economia?

           
Alguns dizem foi da inflação ou deflação, talvez da estagnação.
A vida dos portugueses está cada vez pior: impostos e desemprego a subirem, transportes e alimentação caríssimos, entraves no acesso à saúde e à justiça, menos apoios sociais e direitos no trabalho, salários a baixarem, desigualdades, pobreza, emigração.
Estamos no fim ou pelo menos no princípio de a ver mais crise, no ponto de viragem da economia!
Nuno Costa, Lamego

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Construção vai despedir 100 mil

             
O sector da construção vai despedir cerca 100 mil pessoas.
O sector teve uma contração de (50%) no mercado a queda acentua-se até (70%). Serão 273 despedimentos por dia a somar aos mais de 200 mil desempregados.
O sector da construção é o mais afetado pela crise em Portugal, com um peso próximo de um terço sobre o total das 4.746 insolvências de empresas no País. Em termos globais, as 4.746 insolvências de empresas correspondem a um aumento de (16%). A empresa chegou a ter 200 operários em casa sem ocupação a quem pagava salários enquanto não conseguiu a autorização. A Edifer enfrenta problemas, em parte devido à dificuldade de acesso ao crédito, e tem 900 funcionários com salários em atraso.
Nuno Costa, Lamego

sábado, 20 de abril de 2013

Crise força 3.300 alunos a desistirem do ensino superior

             
Cerca de 3.300 alunos já cancelaram a sua inscrição no ensino superior. As dificuldades económicas dos estudantes estão na base de muitas das desistências. A dificuldade de acesso a bolsas de estudo e o aumento das propinas criam ainda mais problemas.
Os estudantes continuam a apontar problemas à forma como é feito o pagamento das bolsas de estudo.
Em metade das universidades nacionais, inscrições canceladas aumentaram (6%).
Nuno Costa, Lamego

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Quando os ratos elegam os gatos

            
Quando os portugueses estão fartos dos gatos negros, elegem gatos brancos, misteriosamente continuam a comer ratos e a governar para os gatos. A primeira maneira de sair desta ratoeira é perceber que os gatos não são iguais aos ratos. Para isso é preciso chamar rato a um rato e gato a um gato. Assim, por higiene mental, é preciso rebatizar a UGT como a União Geral dos Patrões. Quando numa crise há gente que enriquece e todos os outros se tornam mais pobres, ficamos a perceber que a crise é um instrumento de poder. Serve para garantir mais privilégios aos ricos e transformar os pobres em gente sem direito. Aqueles que assim o fazem sabem que é difícil exercer a liberdade quando temos medo de perder o nosso emprego. Quando por dá cá aquela palha um patrão pode decidir a nossa vida e despedir-nos sem dificuldade. É preciso lembrar quando se puxa demasiado uma corda ela pode partir-se.
Nuno Costa, Lamego  

quinta-feira, 18 de abril de 2013

A bomba demográfica

             
Há uma bomba latente que ameaça o futuro deste país. É o envelhecimento e a quebra da população, motivados pela reduzida taxa de natalidade. É uma ameaça mais grave do que a longa crise económica em que mergulhámos. Olviamente que o empobrecimento agrava os efeitos desse icebergue em direcção ao qual este país caminha inexoravelmente.
Os saldos migratórios é que permitiam o crescimento da população. Esse fenómeno não foi suficiente e Portugal encolheu.
Com o êxodo de milhares de pessoas, a tendência vai agravar-se. Se nada for feito, em Portugal parecerá em lar de idosos falido.
Nuno Costa, Lamego

quarta-feira, 17 de abril de 2013

O talento infinito que a droga venceu

              
                                                VÍTOR BAPTISTA
Sempre soube que seria a bola a salvá-lo da derrota social a que estava condenado numa família pobre. Por isso, o primeiro troço da vida de  Vítor Baptista foi um hino ao sacrifício, à vontade de ser alguém e cumprir o destino do grande futebolista. O para a glória foi sinuoso, orientado por certo conceito de felicidade mas também pelo desejo de vingança que o conduziu a exageros fatais. A meio da viagem já todos lhe tinham detetado os sinais de quem não via a fronteira entre aventura e drama; ostentação e tragedia; diversão e suicídio.
Era  ainda jogador de primeira plano quando começou a precisar de qualquer dinheiro não para viver mas para se matar, prova de que, na desgraça, o seu talento foi explorado sem dignidade até à última gota.
Não era e nunca foi, embora tenha andado perto: poucos avançados concentraram tantas qualidades técnicas, físicas e táticas. Corajoso, habilidoso, potente, rápido de pernas e cabeça, versátil, imaginativo e bem relacionado com o golo, Vítor Baptista foi um ponta-de-lança inteiro.
Dele se poderá dizer que podia ter chegado ainda mais longe. Foi um espécime único, o de um talento infinito que a droga venceu.
Foi canalizador, eletricista, merceeiro e carpinteiro, sempre acompanhado pela paixão da bola.
No Benfica esteve sempre um passo atrás das expectativas que criou.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Factura dos estragos já chega aos 333 mil euros

               
O Benfica já enviou para a Liga de Clubes a primeira fatura, no valor de 333.861,60 euros, dos estragos provocados no Estádio da Luz pelos adeptos do Sporting, após o dérbi.
A verba em questão não contempla ainda o pagamento das várias vistorias que foram efetuadas ao recinto, bem como das mais de 800 cadeiras que foram destruídas e ainda outros custos administrativos. Além disso, no decorrer dos trabalhos de restauro das bancadas, bem como da parte da cobertura do Topo Norte, pelo que a fatura poderá ser ainda mais elevada. A maior fatia da despesa passa pela reconstrução das 8 vigas de betão afetada.
Cabe aos leões pagar os estragos que foram feitos pelos seus adeptos durante o dérbi.
Está a esgotar a lotação do recinto com 65 mil espectadores.
Espero que no próximo dérbi não voltem a fazer o mesmo. 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Portugal é campeão da desigualdade

             
Portugal tem uma desigualdade de rendimentos maior do que a média da União Europeia.
E, dentro do País, a disparidade consoante as regiões é enorme.
Portugal é também o campeão da UE em termos de ricos de pobreza, que afeta (17,9%) da população, percentagem que subiria para (26,4%) sem as prestações sociais. O risco de pobreza consiste na proporção de população com rendimento abaixo de (60%) do rendimento mediano.
Os rendimentos auferidos consoante a região do País, onde o salário médio é mais elevado. Um trabalhador por conta de outrem ganhava em média 1.034 euros brutos. Mas em Lisboa o salário médio estava nos (30%) acima da média nacional, chegando aos 1.313 euros.
Inquestionável é a importância decisiva do nível de instrução para os rendimentos auferidos. Em média, um trabalhador português com uma licenciatura aufere 1.950 euros, quase 3 vezes mais do que os 741 euros que ganha quem tem apenas a classe. Houve uma grande melhoria nas qualificações, mas só (16%) dos ativos são os diplomados, face aos (28,9%) na UE.
Nuno Costa, Lamego

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Outra vez a Troika

              
A Troika voltou, com mais medidas penalizadoras para a Saúde e os Doentes. Cada visita da Troika resulta num memorando mais castigador.
Serão tão amadores que não viram tudo desde o início? Será o Governo que não consegue os resultados desejados por más escolhas de governação, pelo que ficamos cada vez mais pobres e sem futuro?
Os Doentes não suportam mais custos e mais cortes. O acesso à Saúde está em causa. Haverá soluções que o Governo ainda não tenha aplicado?
Emagrecer a gordura do Estado, atacar a evasão fiscal e estimular a economia, medidas não são essenciais para resolver o problema do país.
E evitar cortes cegos na Saúde.
Nuno Costa, Lamego

quinta-feira, 11 de abril de 2013

A vingança dos Mercados

              
Os Mercados são acusados de todas as malfeitorias. Sobre o défice público ou o desemprego e a culpa é sempre dos Mercados. A economia teima em murchar e a bancarrota aproxima-se a passos largos - mas os bodes expiatórios são os Mercados.
Desde modo, Portugal poderia continuar a financiar-se, num círculo vicioso de endividamento do Estado. Claro que os Mercados se vingaram da difamação: no próprio dia da aprovação, os juros cresceram para nova marca, (6,45%). Um dia depois, já estavam em (6,81%), um valor recorde.
Os Mercados podiam sem uma família portuguesa.
Não acreditam num Governo que garantiu a redução da dívida pública e fez crescer todos os meses. Os Mercados também somos nós.
Nuno Costa, Lamego

terça-feira, 9 de abril de 2013

A arte de recomeçar

         
Nunca nos passou pela cabeça que o centenário da República iria ficar manchado por uma ameaça iminente da bancarrota, se não for atalhada por medidas de austeridade que comecem a fazer reverter a gestão financeira e económica do País, comprometerá a nossa soberania como nação!
A ética republicana revelou-se má conselheira de quantos se apoderaram-se do Estado para o transformarem numa central de tráfico de influências para realizar chorudos negócios e dar emprego a clientelas partidárias! Tudo leva a crer que os portugueses só agora começaram a levar a sério os tempos de  austeridade a que o orçamento recentemente aprovado irá submeter!
Vamos aprender a arte de recomeçar, substituindo o facilitismo pelo esforço, o esbanjamento pela sobriedade, a desilusão pela esperança!
Nuno Costa, Lamego

segunda-feira, 8 de abril de 2013

O feiticeiro da perna torta

          
                                                    JACINTO JOÃO
Precisava apenas de uma bola e meia dúzia de adversários para revelar o que, sempre foi: um génio do futebol.
Em todo o país chamavam-lhe Jota-Jota, mas entre amigos não era preciso tanto; para esses, com quem repartia o balneário, treino e jogo, bem como para o povo que o amava e dele fez uma figura de culto. Parecia um solitário do drible e uma peça solta na engrenagem coletiva; um extravagante sem atender às obrigações da equipa. Por mera intuição adaptou esse arsenal tremendo de soluções individuais ao funcionamento da máquina, porque conhecia os companheiros, as suas movimentações na área e as preferências técnicas para serem mais eficazes. Jacinto João funcionou para uma determinada época do futebol português, como o feiticeiro da perna torta, um elemento fundamental no espetáculo, tudo porque sempre agiu na convicção de que o futebol não podia levar-se a brincar, muito menos obedecer aos caprichos de um homem só.
Na Luz passou 5 meses a treinar-se junto de alguns ídolos campeões europeus mas sempre a jogar pelas reservas.
Sem o futebol de outrora mas a tempo de confirmar que era um ídolo do povo.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

O brioche de Cavaco Silva

             
Cavaco Silva diz ser um homem vindo do povo.
A sua mulher, Maria, uma portuguesa - tipo. Maria é próxima a qualquer família da classe média. Essa proximidade torna-se empática.
Quanto a Cavaco, a timidez produz distância.
Quando o Professor ensaia o discurso de cidadão médio - terreno que a esposa domina-, dá-se o desastre. Assim foi a propósito das suas pensões de reforma. Assim tinha sido no dia em que pediu equidade nos sacrifícios, em reação a cortes feitos nas remunerações do Estado e dos pensionistas. Nestes desastres em dois atos, Cavaco primeiro sentenciou em causa própria, e agora detalhou o seu caso.
Perante uma Nação onde a pensão média na Função Pública já desce abaixo dos 1.200 euros; com pensões futuras em queda vertiginosa, o Professor vem expor as suas dificuldades pessoais. Os seus magros 8 mil euros de rendimento mensal. Assim Cavaco o mito de uma certa Maria Antonieta, quando o povo francês gritava na rua por falta de pão, perguntava por que não comiam brioche.
Sim, sim - o pão escasseia nas casas portuguesas, e o brioche de Cavaco já não está grande coisa. São momentos destes, e outras práticas autistas com a manutenção de um mínimo inepto, que afastam Cavaco do brilho premente nesta tormenta imensa e sem bom porto.
Nuno Costa, Lamego

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Comer brioches

             
O povo estava faminto e Maria Antonieta terá dito: Comam brioches. Mas uma verdade nela: quando as elites não estão à altura do país, o país revolta-se. O mesmo parece acontecer: (56%) dos portugueses simpatizam com a democracia. Mas quando olhamos para um país falido; uma justiça relapsa; a incapacidade das elites em comportarem-se como elites, é fácil perceber as tristes inclinações do povo. Que o Presidente da República venha cobrir tudo isto com queixumes sobre as seus rendimentos, pelos vistos não chegam para as despesas, eis a cereja neste bolo perigoso.
Nuno Costa, Lamego

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Este país não é de graça

                 
É um dos grandes mistérios da portugalidade contemporânea.
Porque será que este país, tão pobre e tão desigual, tem hábitos de rico, muito mais do que os países mais ricos do que o nosso?
Há milhares e milhares de pessoas, provavelmente as mais pobres, as mais velhas e as menos informadas que ficaram ou vão ficar sem a única coisa que tinham à borla nas suas vidas.
Todas estas pessoas, que estão entre as mais atingidas pela crise, desembolsarão cerca de 100 euros para continuar a desfrutar daquilo que sempre puderam desfrutar sem pagar um centavo.
E o que é chocante é esse entendimento ter sido feito às custas dos espectadores mais desprotegidos, do ponto de vista cultural e do ponto de vista económico. Aqueles para quem tem televisão são 4 canais e mais nada, coisa que o utilizador urbano, que faz zapping entre os duzentos e tal canais do cabo, já não sabem o que é. Foram obrigados as pessoas a pagarem para terem o que já tinham. Em muitos casos, nas zonas onde a TDT não chega, estas terão de comprar aparelhos para poderem ver a televisão por satélite. Ao todo, já pagaram mais de 131 milhões de euros.
Muito pouco se olharmos para Espanha, onde a TDT é gratuita e oferece 27 canais aos espectadores. Em Portugal, nenhuma estação quis trocar a renda fixa que recebe dos operadores do cabo e transferir qualquer um dos seus canais para o digital.
Esta assim explicado porque é que num país pobre se faz vida de rico, mais do que nos países ricos. Corrigindo-me, assim se percebe porque é num país pobre o pobre tem de fazer vida de rico.
Este país não é para graças.
Nuno Costa, Lamego

terça-feira, 2 de abril de 2013

Casais em conflito por causa do Governo

                
Os portugueses, governados por políticos sem densidade cultural, licenciados tardiamente por universidades de segunda, têm com a política uma relação cada vez mais distante, desde o desprezo à crítica fácil.
A forma como alguns casais entra ou permanece em conflito, a repercussão dessas zangas nos filhos, as alternativas que existem antes e depois da rutura, quer em conversas entre famílias e amigos.
Os comportamentos de alta intensidadequer de ternura quer de ataque, estão relacionados com o funcionamento das relações, com os homens a retirarem-se mais a seguir a conflitos prolongados e as mulheres a permanecerem mais em comportamentos de hostilidade.
Um conflito conjugal repercute-se em ambos os protagonistas, pode ser devastador para os filhos e inquietante para a família alargada. Não raro os vizinhos ouvem as disputas e permanecem sem saber o que fazer. No momento atual, o desemprego e a falta de dinheiro podem tornar ainda mais disfuncional a relação, sem que as difíceis questões do quotidiano encontrem a tranquilidade necessária para a sua resolução.
Perante a necessidade de sobrevivência que a crise transporta todos os dias, muitas vezes o homem e a mulher mantêm a zanga, sem saber onde dirigir: criemos, ao menos, a possibilidade de alguém os escutar.
Nuno Costa, Lamego

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Os mais pobres não suportam austeridade

             
São os mais pobres que estão a fazer mais sacrifícios para pagar a crise.
Para além de estarem distribuídas de forma desigual entre ricos e pobres, fizeram subir o risco de pobreza, particularmente entre idosos e jovens.
Os pobres estão a pagar mais do que os ricos quando se aplica a austeridade.
Nos escalões mais pobres, o orçamento de uma família com crianças sofreu um corte de (9%), ao passo que uma família rica nas mesmas condições perdeu (3%) do rendimento disponivel.
Dos (3%) do rendimento disponível que as medidas de austeridade vieram retirar aos portugueses, seguindo-se o aumento dos impostos, e os cortes nos salários e subsídios dos funcionários públicos.
Uma situação que coloca a classe média sob pressão e faz subir o risco de pobreza de (18,5%) para (20,5%) da população.
Nuno Costa, Lamego