FÉLIX
Nunca um jogador com tanta classe desempenhara função tão pouco prestigiada do ponto de vista técnico. Félix foi das primeiras grandes referências do futebol português a afastar-se do golo e dos caminhos que conduziam à baliza: era um defesa-central com talento de artista, que vivia refugiado na parte de trás do palco, longe dos holofotes, com a eterna nostalgia de quem seria mais feliz com outra influência na construção do jogo. O aparente desfasamento entre a qualidade do seu futebol e o papel que desempenhara na grande peça acabava por ser um falso problema porque, mesmo em missão menos criativa, revelava sumptuosidade desconhecida em Portugal, traduzida na velocidade e na execução maravilhosa com qualquer dos pés; no sentido posicional perfeito e na capacidade para adivinhar os lances e chegar quase sempre primeiro aos factos; no poder de antecipação e na capacidade para ser imperial nas alturas.
Na primeira época foi difícil convencer os adeptos e os críticos de que para ser um grande defesa não era preciso ser o mais duro e corajoso. Mas o tempo foi aliado até chegar a quase unanimidade reconhecido no exagero de que, em determinados momentos.
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