terça-feira, 28 de maio de 2013

Um defesa-central com talento de artista

                
                                                             FÉLIX
Nunca um jogador com tanta classe desempenhara função tão pouco prestigiada do ponto de vista técnico. Félix foi das primeiras grandes referências do futebol português a afastar-se do golo e dos caminhos que conduziam à baliza: era um defesa-central com talento de artista, que vivia refugiado na parte de trás do palco, longe dos holofotes, com a eterna nostalgia de quem seria mais feliz com outra influência na construção do jogo. O aparente desfasamento entre a qualidade do seu futebol e o papel que desempenhara  na grande peça acabava por ser um falso problema porque, mesmo em missão menos criativa, revelava sumptuosidade desconhecida em Portugal, traduzida na velocidade e na execução maravilhosa com qualquer dos pés; no sentido posicional perfeito e na capacidade para adivinhar os lances e chegar quase sempre primeiro aos factos; no poder de antecipação e na capacidade para ser imperial nas alturas.
Na primeira época foi difícil convencer os adeptos e os críticos de que para ser um grande defesa não era preciso ser o mais duro e corajoso. Mas o tempo foi aliado até chegar a quase unanimidade reconhecido no exagero de que, em determinados momentos.

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