Concordemos ou não com a ligeireza da ética dos métodos aplicados por José Sócrates, há um traço da sua personalidade que nos deve pensar: a capacidade de um homem se reiventar no discurso, de ficar sempre bem na televisão, no espaço de poucos dias, proclama uma coisa e o seu inverso, como atesta a versão negra do FMI antes de ser conhecido o programa de austeridade e a versão cor-de-rosa do plano depois do chefe do Governo ter recuado.
José Sócrates só tem lucrado por viver, em grande media, num país de imaginários que chama Portugal. O FMI vergasta a classe média com mais impostos, socorrendo-se da tal singular perspectiva da realidade, antecipa-se à chuva torrencial, anuncia ao povo aquilo que o povo quer ouvir.
Porque o impacto da mensagem foi superior aos efeitos do plano será verdadeiramente que vai doer para o povo português.
Para aqueles que duvidavam da ferocidade do animal político desta edição: o primeiro-ministro demissionário, arrastado para o fundo de uma crise em precedentes, já está à frente das intenções, um Pedro Passos Coelho que, também ele, arrisca transformar-se, mas pela negativa, num caso de estudo internacional. Como é que um primeiro-ministro com uma imagem tão desgastada consegue continuar a calvagar desta forma em direcção ao pôr-do-sol, sem dúvida alguma, um mistério.
A campanha, por isso, promete: com um plano de contenção sugragado por PS e PSD, a discussão centrar-se-á em torno de quem gosta de Portugal. Pelo país que existe aquele Sócrates que continuará a projectar no seu admirável mundo de ilusionismo.
Nuno Costa, em 02/07/2011
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