segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O fim da macacada

                             
Há confortos, mesmo pequenos, enchem-nos a alma e tranquilizam-nos.
Coisas tão simples como, o último dia de trabalho e o primeiro de férias, o primeiro dia de calor e o último dos corpos tapados, o copo meio cheio, mas que nos parece meio vazio; ou outros, mais quotidianos e idiossincráticos, como saber que há sítios onde ainda se pede uma bica em vez de um café.
Mas se a vida, pública ou privada, precisa destas pequenas referências, o certo é que o Mundo continua ainda a girar.
Ter convicções e, sobretudo, mantê-las, é qualidade apreciável, mas viver obcecado com a conservação das coisas e dos costumes, sem aprender a relativizar uns e outros é meio caminho para ser obsoleto.
Para o presidente da UEFA, se cada macaco estivesse no seu galho, o Mundo seria um lugar melhor. Para desagrado do senhor, há macacos que não hesitam em saltar de ramo quando de outra comunidade primata se acena com uma banana. Nesta versão simiesca de ver as coisas, o futebol, área que o francês domina, está a transformar-se numa macacada pegada.
Ora isto perturba a confortável visão que o senhor tem do futebol e, provavelmente, do Mundo.
O presidente da UEFA preconiza, o fim da macacada.
A visão de Platini e a visão de quem vive orgulhosamente só.
De quem não saiu do Restelo e muito menos chegou à Lua. Se também eles fossem macacos, seriam de outra espécie. Daqueles que só olham para o próprio nariz e não saem dele.
26/12/2011

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