quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O estado do regime

                         
Portugal tem-se mantido na primeira linha das agendas, pública e mediática, porque está verdadeiramente em crise, roça a pré-falência, é um estado dependente da obrigação que os seus parceiros políticos e económicos têm de o ajudar, a troco do pagamento de juros altíssimos que hipotecam o futuro do nossos filhos e netos. Mas, a propósito da Liga Europa, há menos de um mês, quis-se festejar no futebol português uma ideia que não existe: o que se passa aqui é um caso de sucesso, venham aprender com os gestores do futebol como se pode governar o país, quem sabe o Mundo inteiro.
Não é, possível vender o sucesso do futebol aqui, quando o país está a cair ali. Porque não é possível ingenuamente isolar uma parte de todo.
Entretanto, o Mundo avançou, o FC Porto foi coroado, a Liga Europa ficou para trás e a estrutura que aí está, a enquadrar a conjuntura de sonho e esperança das contratações e formação de plantéis-maravilhas, é a do futebol português dos contratos paralelos, onde os dirigentes acenam a profissionais incautos com promessas e artifícios que acabam sempre por desmascará-los na primeira oportunidade.
Quando o dinheiro faltou, estes foram esquecidos e Bartolomeu passou apenas a responder pelos contratos registados oficialmente, tendo sido então confrontado com uma ameaça de greve que os jogadores nunca poderiam fazer... porque continuavam a receber o que era do conhecimento da Liga.
Não é possível continuar a assobiar o hino da alegria afinado, deixando o campo livre a outros para os seus esquemas esquesitos. A final da Liga Europa foi uma linda jornada, juntamente festejada, mas não passa de mais um episódio deste país assimétrico, bipolar, que tem dificuldade em encontrar uma linha de crescimento que a todos permita comer o bolo.
22/12/2011

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