As 350 mil casas que estão à venda demorariam três anos a escoar, as imobiliárias não continuassem a embarcar o mercado com mais ofertas, o que é altamente improvável, para ressuscitar o arrendamento, a troika impôs medidas que penalizam a propriedade e a banca passou da face em que andava atrás de nós para nos emprestar dinheiro para a andar atrás do nosso dinheiro.
Um país com a dívida soberana classificada como lixo não se pode dar ao luxo de ter um milhão de habitações a precisar de obras e 100 mil milhões de euros empatados em casas vazias. No coração do Porto há 15 mil edifícios a cair. Do total de 55 350 edifícios existentes em Lisboa, (8%) estão abandonados e 7 700 ameaçam ruir.
O congelamento das rendas, decretado no Estado Novo e mantido pela jovem democracia, teve o efeito perverso de ser o pai de uma explosão desordenada.
Favorecidas pelo forte aumento do poder de compra, democratização do automóvel e multiplicação de vias rápidas, as periferias das grandes cidades esvaziaram os centros urbanos tradicionais.
A desertificação dos centros cívicos e os movimentos centrífugos dos que têm de ser contrariados por um esforço de ressurgimento dos centros históricos.
Agora é preciso parar de construir e passar a reabilitar.
Nuno Costa, em 01/03/2012