Há qualquer coisa de bizarro no mercado de transferências do futebol português, versão 2011/2012.
Enquanto o país passa por uma grave crise financeira e corta nas despesas e nos apoios e vai perdendo empregos e subsídios de Natal, os clubes continuam a viver na soberba de gastar o que só aparentemente têm e investem milhões a renovar equipas. Enquanto Portugal cai no lixo, o futebol vive no luxo. Eis um exemplo do verdadeiro universo paralelo.
Ao contrário do que possa parecer, não há aqui qualquer crítica a esta opção económica do futebol português. E nada pode haver de mal nos valores milionários canalizados para a compra e venda de futebolistas, desde que haja retorno financeiro e que o negócio pague imposto, como acontece na vida de qualquer outra empresa. A questão é saber até quando os clubes vão aguentar os elevados juros a pagar à banca e, até quando vão ter crédito para manter o atual.
E viver com um passivo acumulado - entre o FC Porto, Benfica e Sporting - de mais de 700 mil milhões de euros, que devia merecer cautelas extra no atual e dranático contexto económico português.
A pesar da crise e dos sinais de alerta, certo é que os clubes nacionais possuem grande capacidade de gerar receitas, ao contrário da maioria das empresas do país.
O Benfica e Sporting têm de justificar aos seus apoiantes o atraso desportivo para o rival do Norte. Este ano, a solução de ambos tem sido contratar, com as águias numa posição mais confortável, por conta de uma possível participação na Liga dos Campeões e das elevadas receitas que a mesma pode gerar.
O futuro dirá se a aposta deu resultado. É que, em caso de desaire, o rating financeiro destes clubes pode descer tanto quanto o do resto do país.
01/02/2012
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