terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Sim, o aborto continua a merecer discussão

                                         
Numa coisa as pessoas que continuam a lutar pela revogação da lei que permite o aborto até à dez semanas de gravidez têm toda a razão: o assunto é tratado no espaço público como um facto consumado - a pátria conseguiu uma alegada conquista civilizacional, está feito, e não se fala mais nisso.
Mas a verdade é que se nós fôssemos um país menos dado a paixões assolapadas e mais realista, justo e ponderado, teríamos há muito percebido que a nova lei tem falhas e injustiças gritantes, que ultrapassam em muito a questão de saber se um embrião é vida ou não é vida.
Faz sentido que uma mulher quando está de baixo médica receba (65%) do ordenado e quando está de baixa médica por ter realizado um aborto receba (100%)?
À boa portuguesa, passou-se do oito ao oitenta. Antigamente admitia-se prender as mulheres. Agora, estende-se uma passadeira vermelha até ao bloco operatório. Trocou-se um absurdo por outro.
Nuno Costa, em 21/02/2012

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