sexta-feira, 15 de abril de 2011

O gozo nórdico

                                 
Pedro Passos Coelho contava, há dias, a seguinte história, a propósito da provável recusa em participar na ajuda financeira a Portugal: recentemente, estava ele a jantar na Madeira com Alberto João Jardim, e ter-lhe-á dito, com a máxima das latas, qualquer coisa como isto:
" Espero que a vossa refeição não seja paga pelos impostos dos finlandeses".
Para lá do sorrisinho azedo que nos possa provocar, a graçola nórdica acentua, com uma eficácia mordaz, a actual condição de Portugal: para  os chamados países da Europa desenvolvida, não passamos de uns arraçados de primata com apetência para gastos desmesurados que agora vão salvos pelos povos ricos, os que pruduzem, os que são brutalmente organizados na sua gritante ausência emocional.
 Mas os mesmos cidadãos agradecem - com comedimento nórdico, claro - as bonesses do espaço comunitário e da moeda única para dar uns saltinhos até este lado deprimido e barato da Europa para apanhar banhos de sol e provar das fartas iguarias de uma gastronomia a que, para já, o FMI ainda não deitou mão. Uma espécie de visão económico - colonialista dos tempos modernos.
A Europa volta a estar encurralada numa camisa - de - forças que ameaça resgatar mais vezes ao armário.
Lição número 1: no estado a que isto chegou, já nem nos nossos parceiros podemos confiar.
A lição número 2: resulta da convicção que se vai formando sobre a espiral de loucura em que estamos enredados.
Se aqueles que nos vão salvar dizem isto, ficamos nas mãos de quem, senão de nós próprios?
Nuno Costa, em 15/4/2011

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