O animal feroz que Sócrates fazia gala em que transformou-se num vira-lata de latido débil. O primeiro-ministro é líder socialista já não é o maestro de vontade incontestável, mesmo que o próximo congresso o reeleja por aclamação, consoante o ritual anunciado e costumeiro. Ao descrédito em que o Governo, há muito, caiu a confirmação da deficiente coordenação das políticas e a certeza da desorientação estratégica. A defesa da redução do número de deputados é razoável e lógica, ainda para mais num momento em que o País atravessa a situação desgraçada que se conhece. O PS actue de forma errática, com avanços e recuos incongruentes, só é explicável à luz da necessidade de preservar pontes de entendimento com os partidos da esquerda, nomeadamente o Bloco. Enfrentando um ano em que a sua sobrevivência no Poder está em causa, o PS de Sócrates sabem, por exemplo, somente com a ajuda dos bloquistas ou, eventualmente, dos comunistas conseguirão inviabilizar moções de censura que CDS ou PSD decidam lançar.
Mais uma vez, o pensamento de curto prazo que garante a sobrevivência sobrepõe-se sobre a políticas de fundo. Podem, assim, ficar descansados uns quantos boys, porque não é desta que a supressão de muitos dos tachos que pesam no erário público serão eliminados. As tendências de desagregação cada vez mais vincadas e o acentuado divórcio entre o eleitorado e o PS que as sondagens vêm expressando e as eleições presidenciais confirmaram e conduzirão, em breve, a eleições, revestindo qualquer cenário alternativo características de mero adiamento. Nenhuma medida paliativa já funcionará, num quadro geral negativo e a economia vegeta, o desemprego se institucionaliza e a banca mostra fragilidades que assustam. Um Presidente apenas espectador em Belém não parece possível, nem muito menos aceitável.
Nuno Costa, em 18/4/2011
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