Enquanto se aguarda a entrada em funções do novo Executivo e o seu choque tecnológico, boa parte do País profundo desdobra-se em missas e procissões pedindo a intervenção divina para que chova.
Os especialistas dizem-nos que estas manifestações de fé, acolhidas pela Igreja Católica, remontam aos finais da Idade Média e encontram eco em várias comunidades pelo País fora.
Confrontemo-nos, com o que somos: para uns, um colectivo que preserva as tradições e assim afirma a sua identidade, para outros, um País que coloca sempre o seu destino nas mãos de terceiros.
Eis o nosso perverso paradigma: acreditar, acreditar sempre, que alguém velará pela solvência colectiva, pagando amanhã o que gastamos hoje, tal como alguns de nós que confiam que Deus Nosso Senhor trará a chuva que nos falta.
Por ignorância ou por irresponsabilidade, acreditamos, enquanto povo, que nos acompanha lá no alto, e protege e redime das nossas fragilidades.
O Estado não pode pactuar com empresários ineficientes, que fazem da evasão fiscal e do subsídios públicos, não pode ser omnipresente na sociedade; não pode eternizar uma cultura de direitos adquiridos que empede uma integração, num mundo global e crescentemente competitivo.
Infelizmente, na economia, continua actual e verdadeira a velha frase: quando o Estado compra um circo, o anão começa a crescer.
Exigem-se sacrifícios a que gasta mais do que produz. E o aumento de imposto é, obviamente, um deles. A não ser que o País prefira ficar à espera que chova.
Nuno Costa, em 02/08/2011
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