O liberalismo do Governo habita num único lugar: nas cordas vocais do primeiro-ministro. Está ali muito fechadinho, debaixo de um edredão e com umas botinhas de lã, aninhado naqueles breves centímetros quadrados de tecido muscular. É certo que de vez em quando é projetado para esticar as pernas em auditórios e estúdios de televisão, o primeiro-ministro quando abandona os lugares com microfones na lapela, projetores e cadeiras fofas, o liberalismo recolhe rapidamente à sua casota.
É um liberalismo do armário, ao avesso: em vez de praticar sem contar a ninguém, conta a toda a gente mas não pratica.
Um garrote fiscal colocado à volta dos trabalhadores e empresas para sacar tudo o que tinha em nome da perpetuação de um Estado irreformável.
Sente que o Estado nos está a mandar comer batatas fritas para eles poderem continuarem a comer bifes?
Vivemos numa época em cada um de nós tem de ter a lucidez para separar o trigo de joio. Este Governo que temos não é liberal.
O dramático da situação é estarmos atolados numa austeridade inútil: o défice aumenta, o desemprego dispara e nem assim o País muda.
Por falta de um liberalismo que ninguém teve coragem de aplicar.
Nuno Costa, Lamego
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