Nele havia ansiedade de participação na obra e de ser útil em todos os passos do jogo. Era um grito de revolta que estabelecia vínculos emocionais ao emblema, respeitava os alicerces da história e propunha-se estabelecer pontes para o futuro. A primeira imagem era a de um aventureiro solitário em luta desigual com o Mundo, embora revelasse peso esmagador na exército de que fazia parte, com e sem a bola, atrás ou à frente, à direita ou à esquerda. As aparências enobreciam-no como um guerreiro mas diminuíam-no como futebolista - era então que parava um pouco, respirava fundo e começava a tirar coelhos da cartola. Afinal tinha técnica, velocidade, visão e inteligência que o tornavam uma ameaça indiscutível; revelava versatilidade e sentido de orientação; assentava num vasto arsenal de fintas, tabelas e passes de rotura; sendo jogador de todo o espaço de ataque, conseguia concentrar-se na geografia do golo, onde revelava intuição, tiro e jogo de cabeça.
Foi um símbolo que colocou o clube acima dele próprio, um soldado que deixava a pele e alma em campo se fosse preciso. Tendo construído uma carreira bem sucedida, com base em argumentos futebolísticos notáveis, entrou no coração do povo como bandeira de um sentimento coletivo e de uma certa forma de estar e entender o futebol.
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