BENTO
Nunca um guarda-redes com tão poucas qualidades inatas chegou tão longe no reconhecimento universal; nunca um jogador colocado perante tantas dificuldades genéticas para cumprir o sonho de grandeza alimentado na infância voou tão alto, mas tão alto, não só tocou no céu como ficou lá para sempre. Bento será eternamente rei da baliza e fenómeno divino com a origem não no talento natura mas no espírito de sacrifício, e na capacidade de sofrimento; é um dos deuses mais reconhecidos da história do futebol português, pela capacidade que teve em construir-se com o tempo, mantendo nível mundial.
Bento tinha centímetros a menos para cumprir todos os requisitos; não era tão elegante como outros e não correspondia ao ideal da perfeição estética.
Mas tornou-se invencível por atitude e eficácia: assombroso a sair dos postes; de agilidade felina nos despiques e reflexos extraordinários que alimentou até ao momento fatídico. Foi, por tudo isso, um guarda-redes inesquecível.
Ao longo da carreira, Bento fez autênticos milagres.
Acabava numa brincadeira, como jogador de campo, a carreira internacional de um dos melhores guarda-redes portugueses de sempre.
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