terça-feira, 22 de outubro de 2013

Fera que matava de luvas brancas

                         
                                                        NENÉ
A arma principal estava guardada no cérebro prodigioso, na sublime inteligência e na racionalidade levada às últimas consequências. Era diferente dos outros: venenoso e de velocidade alucinante; com tempo de desmarcação e sentido na baliza; que parecia distante mas levou até próximo da perfeição o ato mais difícil do jogo - o golo. Nené valorizou tanto o futebol que o despojou de toda a superficialidade, grosseria e demagogia; recusou sacrifícios, esforços desnecessários, sangue, suor e lágrimas porque todas essas qualidades lhe beliscavam a sensibilidade. Foi essa responsabilidade assumida perante de todos, que o obrigou a depurar um estilo e, sem se desviar do caminho traçado tornar-se num dos mais extraordinários marcadores de golos da história do futebol português.
Nené, para quem uma simples mirada era suficiente para tirar partido da mais pequena fragilidade alheia, entra na lenda eterna como assassino elegante, gentil e bem-educado. Sempre a matar de luvas brancas, sem sujar os calções e a alimentar relação interessante como o terceiro anel: as recriminações por falta de empenho acabavam no abraço por mais um golo.

Sem comentários:

Enviar um comentário