DECO
Sempre foi um intermediário perfeito entre o jogo e o golo, a criação e a finalização; nos seus tempos áureos poucos no futebol adivinhavam, concebiam, inventavam e executavam com tamanha perfeição. Deco foi um espécime raro no futebol mundial, porque canalizava as armas de ilusionista sumptuoso não para recolher os aplausos mas para melhorar a produção coletiva. O seu futebol expressa as qualidades de um talento solidário, uma estrela que ilumina o relvado com a arte de solista genial e aglutina vontades mesmo quando a rotina da fábrica parece condenada à escassez de ideias e inspiração. É um notável administrador de ritmo e um fabuloso criador de estilo, que utiliza a imaginação para pôr os outros a correr e jogar ao compasso das suas intenções.
Deco foi o mágico sublime de uma década de ouro do futebol português, mais precisamente a primeira do novo século; um jogador capaz de cumprir o senso comum e de assombrar com decisões magistrais em territórios hostis, onde os espaços diminuem e a agressividade aumenta. A capacidade para multiplicar o valor individual das equipas que representou, dando-lhe o valor coletivo superior à soma das parcelas, fez dele um jogador especial. Há cada vez menos futebolistas cujo o talento serve para melhorar o dos outros.
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