O momento político providencia mais excitação do que na ficção nacional da RTP1, SIC ou na TVI.
É um País muito politizado. A televisão é causa e a consequência dessa politização. A TV e a política têm uma relação quase sempre de amor, raramente de arrufo. Os canais de TV têm enxames de comentadores, em especial pseudo-comentadores, comentadores de comentadores, políticos comentando-se uns aos outros.
Temos a TV mais politizados da Europa, com muitos canais de políticos, noticiários a transbordar de política e dezenas de comentadores. Os comentadores não são especialistas, são os próprios políticos, atores passados ou presentes das ações que comentam. É uma espécie da ditadura dos políticos e dos partidos, é um verdadeiro confisco mediático do tempo destinado ao esclarecimento dos espectadores: os políticos são-nos impostos pelas TVS. Estão em todo o lado, nos canais generalistas, informativos, regionais ou até desportivos.
Cerca de (10%) dos deputados são comentadores televisivos.
As TVS conluiam-se com os cinco partidos para estarem de bem com eles, servem-nos em vez de servirem os cidadãos como se fossem espectadores. A transferência é quase total do debate político do parlamento para as TVS é uma dupla de perversão e de memorização: do parlamentarismo e do seu lugar na política nacional; e do jornalismo como força independente na sociedade democrática.
Nuno Costa, Lamego
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