quinta-feira, 30 de junho de 2011

Governo erra nas previsões

                                     
Em pouco mais de um mês, o cenário macroeconómico de Portugal não mudou completamente: entre Março e Maio deste anoas previsões sobre o comportamento da economia em 2012 vão passar do crescimento para a recessão, e os valores do défice orçamental praticamente duplicaram.
E, em relação ao corrente ano, a estimativa da quebra da economia prevista em Março era de (0,9%) e agora passou para uma diminuição de (2%).
No Programa de Estabilidade e Crescimento, o Governo de José Sócrates previa que o PIB crescesse (0,3%) em 2012 e o (0,7%) em 2013. Com o recurso à ajuda financeira externa e a intervenção dos técnicos de FMI, do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia, o cenário não mudou: a economia vai ter uma recessão em 2011 e 2012, para começar a baixar em 2013.
As previsões do défice das contas públicas registaram uma trampa semelhante: o Executivo previa um défice orçamental de (3%) em 2012 e de (2%) em 2013. Os técncos da troika empliaram este cenário e deram mais folga ao ajustamento: em 2012, o défice orçamental será de (5,9%).
Nuno Costa, em 30/06/2011

terça-feira, 28 de junho de 2011

Custo acrescido

                                      
Para a maioria dos portugueses, o efeito das medidas impostas será ainda mais doloroso.
Vamos pagar mais impostos e menos rendimento.
A classe média será a mais penalizada nos impostos, com os cortes nas reduções do IRS e o agravamento do IMI, mas os mais atingidos serão os desempregados, cada vez em maior número, e com menos apoios sociais.
O exército de desempregados, na realidade pode chegar a 880 mil pessoas em 2013, após dois anos de longa recessão, representa o maior drama de um ajustamento inevitável, porque o Estado chegou a um beco sem saída e sem dinheiro.
Como reconheceram os responsáveis da troika, se o Governo tivesse pedido ajuda antes, talvez o resgate não custasse tantos sacrifícios.
A pressão do mercado obrigou-o a capitular, já tem dificuldades em lembrar-se do homem que em Março garantia que não governava com o FMI.
Nuno Costa, em 28/06/2011

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sócrates pede cinco euros emprestados

                                       
Nos tempos em que foi primeiro-ministro, a visita de José Sócrates à Ovibeja ficou marcada pelo empréstimo de cinco euros que teve de pedir ao presidente da Câmara de Beja, Jorge Pulido Valente. Desafiado a comprar uma t-shirt do movimento cívico, que defende a manutenção da ligação directa por comboio Intercidades entre Beja e Lisboa, o primeiro-ministro acedeu, mas, por estar sem carteira, quem teve de pagar a conta foi o autarca Jorge Pulido Valente, do PS.
A descontracção foi, aliás, a nota de destaque na visita de cerca de uma hora do cheve do Governo pela principal feira agrícola do Alentejo, na qual, entre muitos beijinhos e abraços aos populares mais afoitos, evitou falar sobre a ajuda externa a Portugal. Com isto tudo foi uma autêntica trapalhada do Governo de Sócrates que não fez tirar Portugal da crise só fez ainda pior.
Nuno Costa, em 27/06/2011

domingo, 26 de junho de 2011

A grande euforia

                                
Perante os festejos nacionais em curso, decidiu pedir aos portugueses para não embarcarem num navio do FMI, depois de ouvirem o primeiro-ministro a elogiar o fabuloso acordo que o Governo conseguiu impor aos mesmos interlocutores, ainda há uns tempos, deixaram a Grécia e a Irlanda na ruas da amargura. Compreende-se que tenha procurado alguma água na fervura no delírio que se apossou no País, depois de saber, à beira da bancarrota, foi obrigado, contra todas as promessas, a recorrer, aos maus ofícios do FMI. Por mim falo: convencido que íamos morrer da cura, sinto-me naturalmente eufórico por saber que nos limitámos a entrar em coma. Nos cuidados intensivos, em que nos encontramos, vivem-se momentos inesquecíveis de euforia. Como é que podemos não ficar eufóricos quando sabemos, por exemplo, que vamos ter uma recessão de dois por cento para os próximos anos? Ou que, para grande euforia dos trabalhadores, o número de desempregados vai desparar para 13 por cento, continuando a bater os mais improváveis recordes? Como se vê, com o País à beira do abismo, as mas notícias sucedem-se a um ritmo alucinante, criando uma onda de optimismo difícil de contrariar.
Particularmente eufóricos, como é óbvio, os desempregados, a partir de agora, passam a ter de contar com um leque esfuziante de medidas: subsídios mais baixos, diminuição dos prazos de atribuição dos mesmos, pagamento de impostos e outras regalias avulsas. Isto para não falar, evidentemente, dos reformados, dos contribuintes, dos que são levados pela ilusão do crédito fácil adquiriram casas próprias, dos que dependem do Serviço Nacional de Saúde e de outros privilegiados que andam por aí à solta, como todos aqueles que, a partir de agora, vão poder ser despedidos de forma mais barata e expedita. Mas na certeza de que tudo podia ser pior, com uma imensa euforia que assistimos ao nosso próprio colapso.
Nuno Costa, em 26/06/2011

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Passos manda calar PSD e agora desmente contactos com o PCP

                                      
Incomodado com a especulação permanente em torno de uma crise política, Passos Coelho mandou calar aos militantes do PSD tem insistido em falar de moções de censura ou da queda do Governo, caso o País necessite de ajuda internacional. Para que não seja dado qualquer capital de queixa ao Governo de Sócrates, Passos Coelho quer recentrar o PSD na crise política: o partido, diz o líder, tem sido mal Governado do actual Governo.
Passos Coelho desmentiu ainda a informação avancada pela imprensa de que teria encarregado o líder parlamentar do partido, de estabelecer uma ponte com o PCP para uma possível moção de censura dos comunistas venha a contar com o apoio dos social-democratas.
Dentro da diracção do PSD cresce a convicção de que a deterioração da situação financeira portuguesa, a falta de uma resposta clara por parte da União Europeia de financiamento e a travagem da economia tornarão inevitável um pedido de ajuda internacional ainda antes da apresentação do Orçamento do Estado de 2012.
Nuno Costa, em 24/06/2011

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Dia da liberdade ou dia nacional da crise?

                                     
Pensava que era obrigatório consagrar o dia para comemorar que foi aquilo que ele nos deu, e não foi aquilo que pensou, decerto involuntariamente, nos tirou. E acho que não ouvi uma palavra acerca do movimento militar que nos devolveu a liberdade, mais apelos a uma união nacional tendo em vista combater a crise. Ao colocar as maiúsculas onde os outros tinham posto as minúsculas, estava a referir-se ao partido único da ditadura, a que ninguém quererá regressar. Terá sido um pouco demagógico, mas pelo menos o líder do PSD pôs o dedo na ferida ao acentuar a sessão solene passara alegremente por cima de uma das várias razões por que se fez a revolução. Um deles lembrava alguns dos chamados capitães de Abril, não os mais mediáticos, mas outros que também deram o seu contributo para que as coisas como a guerra colonial, ou a política desaparecessem de vez. Afinal, naquele 25 de Abril comemorava-se o Dia da Liberdade, e não o Dia Nacional da Crise...
Nuno Costa, em 22/06/2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

Referendo ao FMI?

                                 
Pelo facto de Portugal ter de cumprir rigorosamente um conjunto de medidas que a União Europeia, começou-se a espalhar a ideia serias uma espécie de referendo a essas medidas.
Esta versão simples encobre outras realidades, que respeitam quer à margem de manobra, apesar de tudo, o próximo governo disporá, quer à capacidade de execução desse pacote.
A forma como se estimulará e reanimará a economia, a forma como se redefinirá o futuro quadro político - administrativo, nomeadamente autárquico, a forma como se considerará a relevância do sector primário, a forma como se organizará o sistema nacional da saúde, a forma como se articularão em complementaridade e às vezes a concorrência as iniciativas privadas e públicas, a forma como se agilizará a gestão do sector dos transportes, a forma como se privilegiará ou não a requalificação urbana, a forma como se regularizará ou não o sistema policial, a forma como se abordará a temática do interior versus litoral, são, entre outras, áreas de opção distintas e muitas vezes opostas entre PS por um lado, e PSD por outro.
O espaço de afirmação doutrinária é amplo e permitirá confrontos indispensáveis à percepção do futuro.
A escolha não será só efectuada em termos de quem nos fez chegar a este ponto. Será também quem executa melhor, é mais confiável, que tem novas ideias que abram a janela de Portugal e deixem sair o cheiro a bafio!
Nuno Costa, em 21/06/2011

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O equívoco de Nobre

                                
O PSD recrutou Fernando Nobre para cabeça-de-lista e admite candidatá-lo à presidência da Assembleia da República.
Ou seja, o PSD está convencido de ter obtido um grande dezastre na disputa do eleitorado de centro-esquerda e de fazer reverter a seu favor uma parte dos 600 mil votos de Nobre nas Presidenciais. Esta operação do PSD evidencia, porém, tem vários equívocos.
Não é de esquerda, nem da direita, navega à vista.
Nas Presidenciais, foi uma invenção do soarismo irvitado com Manuel Alegre e a soma disso com um discurso de protesto, e a somar à probreza que foi o embate entre Alegre e Cavaco, valeu-lhe uma votação circunstancial. Mas Nobre não vale aquela votação e ela não é reproduzível em eleições legislativas. Por outro lado, o pouco que pode sobrar de Nobre por se tratar de um independente está a esvairar-se a grande velocidade. Com o PSD pensa apenas em ganhar eleições mas da forma mais desastrada possível. Se estivesse preocupado com Paulo Portas, cada vez mais o fiel da balança, ainda se entendia.
Nuno Costa, em 20/06/2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Um Nobre esfomeado


 
                                       
Fernando Nobre teve algumas histórias hilariantes na campanha presidencial. O homem independente, que zurziu a classe política a torto e a direito, lembrou o dia em que viu uma criança esfomeada a correr atrás de uma galinha para lhe tirar um pedaço de pão do bico. E garantiu aos portugueses que só não ia para Belém a tiro. Acontece que obteve cartorze por cento dos votos, não foi abatido por ninguém e agora, num acto de grande exaltação cívica, aceitou ser deputado do PSD/FMI do rapazinho de Massamá com uma condição muito altruísta: ser o candidato a presidente da Assembleia da República. Um facto inédito nesta bizarra e falida democracia. A galinha com o pão no bico já lá vai. Agora há um galinheiro cheio de mordomias e prebendas à espera de um Nobre esfomeado.
Nuno Costa, em 17/06/2011

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Omo e o Congresso

                                   
Um dos anúncios mais populares foi criado na década de setenta pelo detergente Omo. Uma senhora aparecia com uma toalha sujíssima, encenava que ia lavar com o detergente, de repente, surgia com uma brancura imaculada.
Pelo que ali disse, ficou claro que o PS não teve a responsabilidade na governação do país há mais de seis anos.
Ficou clarinho que o PS não teve a responsabilidade no aumento desenfreado do desemprego, neste momento chega a setecentas mil almas, que está imaculado no que respeita à duplicação da dívida pública que atirou Portugal para um beco sem saída onde nos encontramos.
Também é de uma alvura angélica no que respeita à existência do Orçamento do Estado que apertou o cinto dos portugueses até à rebelião. Ficou clarinho como a água que os socialistas são uns patriotas e os restantes partidos, que representam a maioria da população, são inimigos da Pátria.
Também ficou numa alvura celestial do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, jamais disse que seria necessária ajuda externa quando os juros da dívida pública ultrapassassem os sete por cento.
E, tendo-os ultrapassado há tanto tempo, sempre a subir, a subir, quando os dirigentes socialistas já reclamavam a ajuda externa, a verdade é que ficou claro que aconteceu nos últimos quinze dias. É clarinho que o Partido Socialista que está no poder, não pensa em cedê-lo aos outros. Não por causa da Pátria, mas por causa dos próprios socialistas.
Na verdade, e tal como a senhora do anúncio, este congresso socialista lava mais branco.
Nuno Casta, em 16/06/2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Pôr-do-sol de hoje traz eclipse total e raro da Lua

                                  
                                                       Observação

Parte da Europa, Portugal incluído, terá condições para observar o mais longo eclipse da Lua. As previsões meteorológicas apontam para que o acompanhamento do fenómeno seja perturbado por nuvens passageiras numa parte da faixa litoral Norte e Centro. Os curiosos podem esperar, depois de pôr-do-sol, ver nascer uma Lua já eclipsada.
Isso dependerá da existência das condições como as nuvens dispersas ou partículas de poeira, bem como da forma como a luz solar irá sofrer a refracção pela atmosfera terrestre. A Lua vai nascer já eclipsada, cinco minutos antes do acaso.
Em Portugal, o fenómeno pode ser visto a partir do meio do eclipse, cerca das 21 horas e 13 minutos, hora de Lisboa, ainda que ele comece às 20 horas e 22 minutos. Uma hora depois, o eclipse total termina (às 22 horas e três minutos). Perto já da meia-noite, depois de o satélite estar na sombra e na penumbra, termina o fenómeno.
O Observatório Astronómico de Lisboa hoje abre as portas para uma acção pública de observação, com astrónomos, a começar às 20 horas e 30 minutos.
Só em 2018 a Lua vai passar de novo directamente no centro do cone da sombra da Terra, característica deste eclipse, classificado como central.
Nuno Costa, em 15/06/2011

terça-feira, 14 de junho de 2011

Passado e presente

                                          
Todas as outras mirabolâncias já foram anunciadas aos portugueses.
Para electrizar o congresso do Partido Socialista, José Sócrates carregou corrente na Saúde, na Educação e correlativos e pôs os seus futuros dos deputados e a claque socialista a soltarem faíscas.
Falou como um viajante de zepelim à deriva, para quem não há passado, nem presente.
Os seres humanos não são tômbolas do Euromilhões, mesmo alguns ficam ricos nas lotarias e outros amanham fortunas na corrupção.
Sócrates fala aos portugueses como se ele viesse directamente do paraíso de Adão e Eva. Foi o desgoverno de Sócrates que levou o País a pedir mais do que devia. E foi ele quem o pôs no prego do FMI. Este passado e este presente condicionam todo o futuro.
Não era necessário vir um ministro das Finanças da Suécia chamar a atenção das responsabilidades. Os portugueses já sabem do que a casa gasta.
Nuno Costa, em 14/06/2011

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Os notários da Nação

                                         
O programa do FMI é cada vez mais dificil e andará longe do que tem sido escrito: cortes nas pensões, salários, subsídios de desemprego, reforma só lá para o 67 anos e os impostos a subir. Restará ao próximo governo a defesa de um mínimo de dignidade possível para os elos mais fracos da nossa sociedade. Será inadmissível, portanto, quem vier a seguir às eleições de 5 de Junho não acautele, por exemplo, as pensões sociais (250 e 300 euros).
Das eleições vai sair um governo de meros notários da Nação, que vão formalizar por leis, decretos, regulamentos, carimbos, etc, o conteúdo do acordo que terá de ser firmado agora. E, de uma vez por todas, que se perceba que algo não contribuiu ao mais alto nível e as políticas erradas, que são uma mera consequência da primeira e não o inverso.
Nuno Costa, em 13/06/2011

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Não sobreviveremos uns contra os outros


                                   
Estamos certamente a atravessar um dos momentos mais difíceis da nossa vivência comum.
É por isso que temos que ser mais capazes de distinguir o essencial do acessório. Isto faz tanto sentido entre as pessoas, como entre as Instituições, obrigando-nos a perceber, e a aceitar, a nossa pequena individual e a procurar crescer em conjunto. Não será possível que algumas pessoas cresçam sem as outras, muito menos contra elas, o mesmo acontecendo com as regiões e os países.
Esta atitude entegradora das diferenças, não pode constituir, nem assim será, nenhuma ausência de confrontação política ou ideológica. O que nos conduziu, em termos europeus e mundiais, ao actual estado de alguma descrença em nós próprios e nas actuais lideranças não foi certamente ao excesso de ideologia, mas a sua ausência.
A maior dificuldade não é o caminho que temos que percorrer, é a falta de confiança na sua justificação. Temos que ser capazes de resistir a populismos fáceis, que abrem caminho aos radicalismos com consequências severas para a sociedade em que acreditamos.
Estamos já a entrar num período de escolhas e definições políticas importantes, quanto aos programas para o futuro próximo e aos líderes que melhor os implementarão. Nestes tempos são cometidos, habitualmente, alguns excessos, justificados pelo calor da refrega eleitoral.
Depois, imediatamente a seguir, será o tempo da responsabilidade e nenhum oportunismo, de qualquer espécie, pode justificar qualquer tipo de irredutilidade, perante os maiores das pessoas e dos povos.
Ninguém compreenderá que os dirigentes políticos sejam os últimos a perceber esta realidade, o que, a acontecer, não será apenas uma atitude egoísta, podendo ser suicidária.
Nuno Costa, 12/06/2011

Um Passos Coelho e duas cajadadas


                                            
Para este desenlace, o que se diz de Sócrates é forma que o tramou. Lendo e ouvindo algumas declarações dos seus adversários fica a pairar no ar a sensação de que não terá sido o conteúdo das medidas que levou ao chumbo do último PEC, mas a falta de aviso considerada uma arrorância indesculpável.
Seja como for, é caso para dizer, como também já aconteceu com a regionalização, na política portuguesa há medidas e reformas inadiáveis que perdem o pé por terem sido mal apresentadas ou formatadas.
Ora ainda Sócrates caiu do poço e lá ficou e o Passos Coelho caiu da árvore abaixo, ainda não se levantou, com este problema com a subida do IVA para 25 pontos percentuais.
Quando a batalha estava centrada entre aqueles que fazem a auteridade à custa do povo e os que preferem desenhá-la a riscar as obras e outras despesas correntes do Estado, vem o Passos Coelho dar uma cajadada na polémica subida do IVA?
Para além dos estragos, aquilo que mais custa é ter sido dada igualmente outra cajadada fatal naquilo que considero uma má ideia e uma medida torta.
Nuno Costa, em 11/06/2011

Via verde para roubar

                                                       
Mas a recente decisão do Governo de aumentar os montantes dos ajustes directos permitidos a governantes e autarcas constitui um verdadeiro convite à roubalheira. A legislação que regulamenta o financiamento partidário, promulgada há escassos meses, veio autorizar donativos em espécie. Os amigalhaços do partido poderão doravante pagar os cartazes, uma jantaradas e até financiar umas viagens. O Governo aprovou esta semana o decreto-lei que alarga os montantes dos ajustes directos permitidos aos governantes e autarcas, garantido assim aos partidos meios milionários para que estes favoreçam os empresários a seus financiadores.
Com as novas regras, um director-geral pode autorizar despesas até 750 mil euros, sete vezes mais do que até agora. Um ministro poderá atingir os 5,6 milhões de euros. Um presidente de Câmara poderá autorizar até 900 mil euros, contra os anteriores 150 mil euros.
Até às eleições, as aquisições não justificadas, as encomendas de mercadoria inútil, o favorecimento a privados por despacho, não terão conta.
Nuno Costa, em 10/06/2011

terça-feira, 7 de junho de 2011

Mais um episódio do degradante mundo do futebol

                                 
Os mimos trocados entre os eleitores sportinguistas não passam de mais um mero episódio no degradante mundo do futebol cá do burgo a somar às bolas de golfe, aos isqueiros, às garrafas, às cadeiras e outros objectos a voarem nos estádios.
Depois de tudo isto e das hordas enfurecidas e acéfalas escoltadas por batalhões de polícias, quais manadas de bravo conduzidas por campinos a cavalo e de pampilho, a grande inovação agora são os cobardes do apedrejamentos nas auto-estradas. Evidentemente, a não ser as famílias das vítimas e talvez os apedrejamentos, que ninguém se preocupa com tais desmando. A começar pelo Poder Político, aliás, esfrega as mãos, porque vê ali um amortecedor para as injustiças sociais que provoca. Uma modalidade desportiva tão interessante, naturalmente, poderia soscitar inofensivas paixões, prazer e divertimento, é fonte de violência e alienação e de protagonismo e muito dinheiro para alguns.
Nuno Costa, em 09/06/2011

Um doente chamado Sócrates

                                    
Ao rejeitar os aumentos dos impostos e a criticar os impactos sociais das medidas para votar contra o PSD, corria o risco de folta do programa e equipa do governo. Bastou um dia que estavam, pressionados pelas instituições e perceiros europeus, a propor o aumento do IVA, por mais voltas que lhe dê, penaliza as pessoas de mais baixos rendimentos, que fosse a única fonte de aumento das receitas, a taxa típica precisaria de ter um acréscimo astronómico para atingir o objectivo pretendido - e aumentar as receitas, no curto prazo, inevitavel dada a morosidade da reforma da Administração Pública em produzir o efeito no lado da despesa. Todos os eventuais detalhes técnicos são, no entanto, secundários e comparados com a escalada da crispação política que aquela declaração permitiu. E o essencial é que Portugal está muito doente e precisa de um esforço colectivo enorme para sobreviver com dignidade.
Queixamo-nos do preço da electricidade, mas aumentámos o seu consumo, no ano passado, quase ao dobro do ritmo do crescimento do país. Os combustíveis estão caros, mas continuamos a acelerar e subindo o consumo e o gasto. As empresas públicas de transporte, tecnicamente falidas, com uma dívida elevadíssima e classificada a nível, com dificuldades para pagar os salários, aos seus funcionários, anunciar ou executar greves.
Nuno Costa, em 08/06/2011

segunda-feira, 6 de junho de 2011

E agora, ó povo?

                                 
Depois da mais do que esperada queda do Governo PS, lá voltam os políticos a dizer que a palavra tem de ser de novo devolvida a nós, o povo. Se quando um partido não nos agradasse bastasse trocá-lo pelo outro, a vida seria bem melhor. Fiquemo-nos apenas por um aspecto da crise: o desemprego. Quantos poderá empregar uma mudança de política? Com o Estado a encolher as ofertas e a economia em crise profunda, muito poucos.
Serei um pessimista nota, mas acho que estamos metidos numa alhada de que nem as décadas nos libertaremos. Com a má mudança do Governo, com FMI ou seja lá com que for, haverá alguém que acredite que voltaremos a um tempo em que as coisas poderiam não ser muito brilhantes, mas não eram as dramaticamente negras?
E agora, ó povo, o que vamos fazer quando nos chamarem de novo às urnas? Votar decerto convencidos de que iremos para pior - mas não tenhamos ilusões: não vejo outra alternativa quem nos tire do fundo onde batemos ja há muito.
Nuno Costa, em 07/06/2011

domingo, 5 de junho de 2011

A verdade dói

                                
Para os catastrofistas, espera-nos um caloroso inferno, onde os portugueses arderão devagarinho, numa fogueira colectiva atiçada por aqueles que juram a pés juntos nunca terem pegado num fósforo e combatida pela  bombeira Angela Merkel. Como se a queda de um Governo, deste Governo, especialmente num contexto de uma grande dependência financeira externa, se fosse uma coisa boa.
Não é uma coisa boa, de facto, mas não devemos negligenciar o carácter da democracia, de os eleitores poderem desfazer o que podia estar errado, de ousarem e confirmar, no que foi rejeitado. E este Governo, em abono da verdade, já não era solidário nem com ele próprio.
Pelo que se vê por esta rápida mas eloquente amostra, a conjuntura está a castigar-vos. E a dúvida, agora, a julgar pelas consonantes apreciações dos reputados analistas internacionais, está saber quando vai, afinal, Portugal estender a mão. E, dando a mão a torcer, os anéis ainda nos vão tirar os dedos para nos emprestarem o dinheiro da nossa salvação.
Portugal não pode ficar refém desse sebastianismo primário típico das histórias que contam às crianças para adormecer. Mas tem a obrigação, e o dever patriótico, de nos dizer a verdade, de não comprometer com devaneios, de não acenar com populismos tácticos. Na campanha eleitoral que nos bate à porta, os partidos podiam esforçar-se para nos dizerem apenas a verdade e nada mais do que  a verdade.
Nuno Costa, em 06/06/2011

A febre do Poder penaliza ainda mais o povo...

                                     
                               
O nosso país caiu mais uma vez numa crise profunda criada pelos maus político que infelizmente temos e não podemos exportar. Logo o líder do PSD veio a terreiro dizer que o aumento do IVA é inevitável... Espero bem que alguém trave os ímpetos do seu líder, pois já tivemos a má experiência da compra dos submarinos que nos hipotecou a economia durante anos e agora espero bem que não venha uma frota de cruzeiros para levar os nossos políticos de férias. Apelo ao FMI, caso venha para Portugal, que acabe com as mordomias de reformas exorbitantes de muita gente que anda na política, não para servir o país, mas sim para servir dela em proveito próprio...
Nuno Costa, em 05/06/2011

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Um dia triste

                    
O pedido de ajuda externa é a cabal demonstração de duas realidades que vivemos, é um país que está por um fio, mas não percebemos. Primeira: fomos caminhando alegrmente contra a parede, um dia, alguém nos savaria do violento embate.
Consequência: como fomos incapazes de nos governar, passámos a responsabilidade para os outros.
Os custos, brutais e prolongados no tempo, deste facto obrigam-nos a pensar na segunda realidade: o modo de vida que escolhemos a seguir nas últimas décadas que acabou. E se voltar a ser, quando as contas públicas estiverem em ordem e o sufoco de aliviar, não tenhamos dúvidas: voltaremos a ser, como seremos agora.
O Governo, seja ele qual for, não passará de um mero tabelião da Comissão Europeia, ou quem tiver de governar para ditar um rumo do país.
Vale a pena, com certeza, fazer um balanço das culpas, porque uns são mais culpados do que outros. E sobre o modo como preferimos as facilidades do acessório às dificuldades do essencial.
Uma última nota para a forma como ficámos a saber que o Governo iria pedir ajuda externa. Mas emblemático da confusão, da falta de rumo, da pressão tremenda a que o Governo estava submetido há vários meses.
Nuno Costa, em 03/06/2011

Mais sociedade e mais reformas


                                  
A proposta está em cima da mesa, embora o PSD, a estudar o rumo dos ventos, não assuma a paternidade.
E a proposta escreve-se em poucas palavras: subsídio de desemprego deve reduzir montante da reforma.
Numa altura os níveis de desemprego não param de aumentar, a ideia de trocar o subsídio de desemprego por pensão de reforma parece deversas assustadora. O Estado Social atacado de forma insensível, sem puder.
Não sabemos se a proposta será adoptada pelo PSD, pelo menos enquanto o programa do Governo a discutir em campanha eleitoral. Os barões do PSD já se desmarcaram.
 Mas não deixa de ser um sinal dos tempos vindouros, o ataque sem regras ao Estado Social. José Sócrates lembrava, no dia em que se comemoravam os 37 anos da Revolução de Abril, esta é a pior crise dos últimos cem anos.
 Tempos duros se aproximam, já o sabíamos. Começam agora a ganhar corpo. O engodo foi lançado à água.
Nuno Costa, em 02/06/2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O dia de amanhã

                                      
Com um pouco mais de suspense do que é previsto, PS e PSD mais uma vez não chegaram a um acordo que era permitir viabilizar o Orçamento. Falta, igualmente, a garantia de que não se repita o que aconteceu, por exemplo com a prática foi bem pior do que a teoria: daí a proposta da agência independete para acompanhar a execução orçamental.
Veremos se a máquina do Estado que não lhe escapa, mais uma vez, o controlo. Os sinais não são animadores e já convocada nem da postura dos magistrados do Mistério Público que acham discriminados por um sector privado, dos cortes salariais esquecendo, convinentemente,  também não garantia de emprego. É óbvio, o ridículo pagasse imposto, tínhamos o problema do défice não resolvido. Para além de uma ou outra receita pontual, daquela verba tem, por isso, que provir de uma multiplicidade de pequenos cortes em despesas de funcionamento. Sem a colaboração do funcionários públicos esse propósito será muito difícil de atingir. Se assim for, Teixeira dos Santos terá muito trabalho pela frente e os funcionários públicos, muito provavelmente, mais reduções nos vencimentos. A melhor alternativa no imediato pode não ser aquela que garante o futuro.
Nuno Costa, em 01/06/2011