Para os catastrofistas, espera-nos um caloroso inferno, onde os portugueses arderão devagarinho, numa fogueira colectiva atiçada por aqueles que juram a pés juntos nunca terem pegado num fósforo e combatida pela bombeira Angela Merkel. Como se a queda de um Governo, deste Governo, especialmente num contexto de uma grande dependência financeira externa, se fosse uma coisa boa.
Não é uma coisa boa, de facto, mas não devemos negligenciar o carácter da democracia, de os eleitores poderem desfazer o que podia estar errado, de ousarem e confirmar, no que foi rejeitado. E este Governo, em abono da verdade, já não era solidário nem com ele próprio.
Pelo que se vê por esta rápida mas eloquente amostra, a conjuntura está a castigar-vos. E a dúvida, agora, a julgar pelas consonantes apreciações dos reputados analistas internacionais, está saber quando vai, afinal, Portugal estender a mão. E, dando a mão a torcer, os anéis ainda nos vão tirar os dedos para nos emprestarem o dinheiro da nossa salvação.
Portugal não pode ficar refém desse sebastianismo primário típico das histórias que contam às crianças para adormecer. Mas tem a obrigação, e o dever patriótico, de nos dizer a verdade, de não comprometer com devaneios, de não acenar com populismos tácticos. Na campanha eleitoral que nos bate à porta, os partidos podiam esforçar-se para nos dizerem apenas a verdade e nada mais do que a verdade.
Nuno Costa, em 06/06/2011
Sem comentários:
Enviar um comentário