quarta-feira, 11 de maio de 2011

O Hábito e o Monge

                                    
Rezam as crónicas nas inaugurações que tem feito o primeiro-ministro tem que aver tambores e gaitas de foles, enquanto os ranchos folclóricos dançavam. Um país que caninha para a ruína enquanto vai com os amigos a cantar e a dançar tão entusiasticamente que se esquecem do desgraçado defundo.
O Governo promove a festa, enquanto no Terreiro do Paço os técnicos do FMI, do BCE a da Comissão Europeia enquanto apanham as canas. Esta é a história, pelo menos é uma história recente, deste Governo. Está em choque permanente com os factos. Criou e alimentou uma ilusão, vendo-a como se fosse a verdade e faz dela a bandeira com que nos entraga aos credores. Por este andar o novo de austeridade que nos vai ser imposto será assinado ao som dos tambores e gaitas de foles, com ranchos folclóricos a dançar em frente a S. Bento. A ser verdade, e acredito que é, o quadro fica completo.
Acredito que os homens devem estar um bocado baralhados.
Julgavam que eles vinham para um país em crise e saiu-lhes uma festança, com tambores e gaitas de foles.
Uma classe política em permanente balbúrdia e o país a viver alegremente a crédito. Era suposto que o pedido de ajuda externa viesse alterar este estado de coisas. No nosso caso, ao contrário do que diz o ditado, o hábito faz mesmo o monge.
E é assim que nos encaminhamos para uma eleições em que se vai discutir tudo, menos o que é essencial. Em que a demagogia tomará o lugar da verdade. O poder, o verdadeiro poder, não irá a votos. Quem vai mandar, quem já está a mandar, não vive ao som dos tambores e gaitas de foles.
Nuno Casta, em 11/5/2011

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