Depois de ter deliberadamente provocado uma crise política, Sócrates apresentou-se ao País com o discurso do «eu ou o caos». Humilhou o Presidente da República e o Parlamento, gozou com o PSD e ignorou, olimpicamente, a restante oposição.
Se, ao contrário do que diz, o primeiro-ministro se quisesse evitar uma crise política, já teria feito justamente um inverso do que fez. Neste momento, já não somos senhores do nosso destino colectivo.
Sem meios, foram capazes de mobilizar todas as gerações, todos os credos ideológicos e diferentes classes sociais.
Sem medo, resistiram aos anátemas que lhes foram sendo lançados por muitas sectores do sistema político-mediático, que detesta os intrusos, quando estes escapam aos quadros mentais em que costumam encaixar os seus cenários. Mais do que mostrarem estar contra o Governo ou contra do que quer que seja, os jovens provaram que há por aí muito boa energia à solta, reclamar, com naturalidade, ser parte de uma solução dos problemas que nos afetam a todos enquanto ao povo.
Precisamos de umas soluções e não de jodadas políticas traçadas pela régua e pelo esquadro.
A política tem o seu tom de artístico, na medida em que os seus protagonistas são capazes de nos despertar sentimentos tão avassaladores quanto ao desempenho dos verdadeiros atores, numa peça genial.
Nuno Costa, 9/5/2011
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