Estas interrogações, que se vão ouvindo com mais frequência, dão voz à preocupação de um país, lenta mas seguramente, as pessoas antecipam o que se aproxima. A razão começa a tornar-se clara: andámos a gastar por conta de uma riqueza que não criávamos, entretidos a discutir a desigualdades na distribuição do rendimento quando o fundamental era gerá-lo. Mesmo a crise seja maior, a dificuldade em identificar um propósito palpável complica a mobilização da sociedade e, sem ela, este período será só mais um longo do que o necessário, como poderá confirmar uma fase de decadência persistente. Qualquer que seja o modo, desmistifique-se o discurso do imediatismo: a cura não será milagrosa, demorará tempo, implicará sacrifícos e restrições.
Para garantir o empenho e determinação, os sacrifiçios hão-de ser repartidos: não podem incidir apenas na classe média ou nos assalariados. Os mais afortunados são convocados a dizer presente, por a solidariedade e vontade própria pelo menos por um instinto de sobrevivência.
Chegámos a estar em negociaões mais enfraquecidos do que podíamos e devíamos. Os nossos graus de liberdade, sendo poucos não são a nulos. O compromisso de cumprimento das metas e calendário de redução do défice pré-estabelecidos o empenho na divinuição do endividamento externo são pré-requisitos. A história demonstra que a reputação e a credibilidade, por vezes, por travessas, assumindo voluntariamente as limitações na nossas margens de manobra.
Não chegamos à actual situação apenas por culpa dos políticos e não sairemos dela se delegarmos neles, sem exclusivo, na solução.
Nuno Costa, em 6/5/2011
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